Polícia indicia homem que tentou atropelar esposa com caminhão

Michel Geraldo Amorim Gomes, de 34 anos, que tentou matar a esposa atropelada na manhã de sábado, 22 de outubro, no Bairro Universitário, em Campo Grande, foi indiciado por tentativa de feminicídio, nesta quarta-feira (26). A Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) ainda investiga a autoria do incêndio na residência do casal.

Nesta quarta-feira (26), a vítima foi ouvida na Deam, depois de receber alta hospitalar. Ela chegou em uma cadeira de rodas, acompanhada de familiares, e preferiu não conversar com a imprensa. "Ela saiu muito triste de lá e desacreditada ainda que a justiça seja feita, pois ele mentiu que ela se jogou contra o veículo, prestou depoimento e foi liberado", comentou a prima da vítima - que terá a identidade preservada.

A prima ainda comentou em conversa pelo WhatsApp com o Campo Grande News que os áudios com as ameaças feitas por Michel foram entregues à polícia "e isso que está nos ajudando a ter esperança ainda", apontou.

Na segunda-feira (24), Michel compareceu à delegacia, onde prestou depoimento e foi liberado, já que não estava mais em situação de flagrante. Ele afirmou que na noite anterior estava comemorando o aniversário da esposa em uma conveniência, mas em determinado momento quis ir embora, pois iria trabalhar no dia seguinte. "Chamou ela para ir embora, mas ela não quis. Ele então foi, dormiu, acordou e fez sua rotina pela manhã", contou Pablo Gusmão, advogado de Michel.

Por volta das 8h30, Michel pegou o caminhão da empresa e estava se deslocando pela rua de casa em baixa velocidade, segundo a defesa. "Acabou que uma moto atravessou a preferencial na rua dele. Quando desceu, viu que era ela e se apavorou. O Michel procurou o celular, mas deu falta e, como não tinha como chamar socorro, seguiu para a casa da mãe", conta.

Segundo Gusmão, Michel disse que ficou com medo dos filhos da esposa. "Ele disse que são conhecidos na região e perigosos, que já houve desentendimento entre eles e ficou com medo de ser linchado". Em seguida, Michel pediu para a mãe e irmã irem ao local prestar socorro.

O homem também nega ter incendiado a residência do casal. "Tem testemunha que viu um dos filhos dela entrando no imóvel com um galão de gasolina, com uma outra pessoa", diz a defesa. Sobre a ligação para a irmã da vítima em que Michel dizia: “matei sua irmã, ela tá lá no chão” e áudios em que relatava que “deu um presente para ela”, a defesa afirma desconhecimento. "Esses áudios não constam no inquérito".

Entenda - Na noite anterior ao crime, na sexta-feira (21 de outubro), o casal estava comemorando o aniversário da vítima em uma conveniência. Michel começou a ficar agressivo e a mulher então decidiu ir para a casa que tem com a irmã, onde passou a noite.

Na manhã de sábado (22), percebeu que o celular de Michel ficou na bolsa dela, então pegou a motocicleta e foi até a residência do casal para devolver. Ao ver a vítima, o homem então acreditou que ela estava em uma festa e já passou a dar tapas. A mulher pegou a moto para ir embora, mas acabou atropelada pelo caminhão-guincho, conduzido pelo autor.

Testemunhas disseram que ele deu ré no caminhão para atingir a mulher novamente. Só não conseguiu pois outro condutor parou o veículo atrás, impedindo que ele conseguisse fazer a manobra. O homem ainda desceu do veículo com uma arma em punho, dizendo que a esposa havia recebido o que merecia. Em seguida, ele fugiu do local no caminhão.

Michel já havia atropelado a esposa há cerca de seis meses atrás. Ele chegou a ficar preso pelo crime e usava tornozeleira eletrônica atualmente. A mulher foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros Militar e levada para a Santa Casa de Campo Grande, consciente e orientada, mas com ferimentos no ombro.

Após o crime, a casa foi incendiada, contudo, a polícia não confirma se foi Michel que ateou fogo. Equipe dos bombeiros usou cerca de 2 mil litros de água para apagar as chamas que atingiram três cômodos da residência.