Polícia investiga se presos em roubo frustrado integram quadrilha interestadual
Motorista preso na Capital levou carreta roubada para a Bolívia dois dias antes
Equipes da Polícia Civil de Ladário e de Corumbá investigam se grupo preso no sábado (27), após tentativa frustrada de roubo a um caminhão, integra quadrilha especializada que atuaria, além de Mato Grosso do Sul, em Minas Gerais, São Paulo e Paraná. A hipótese foi levantada por conta da similaridade encontradas em outros casos nos estados: o caminhoneiro é rendido e permanece como refém até que o veículo fosse levado até a Bolívia.
De acordo com o delegado Luca Venditto Basso, no dia 25, dois dias antes de ser preso na Capital, Hernani David de Souza, de 35 anos, atravessou a fronteira da Bolívia com uma carreta roubada em São Paulo, o que põe em xeque versão dada por ele de que apenas havia sido contratado em Campo Grande para fazer um transporte e que não sabia que iria levar para a fronteira um caminhão roubado.
“No dia 26 a polícia de São Paulo nos informou sobre a carreta roubada lá. Ao tentar recuperar o veículo, constatamos que a carreta tinha entrado na Bolívia no dia anterior”, explica. Durante investigações, policiais descobriram que a pessoa que dirigia a carreta roubada era Hernani.
O delegado afirma ainda que, nos últimos meses, foram registradas diversas travessias de veículos roubados em que o crime aconteceu da mesma forma como o que aconteceria em Campo Grande, caso a polícia não tivesse descoberto o plano dos criminosos. Há registros nos estados de Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. “Eles fazem a solicitação de um falso frete, sequestram o trabalhador, e o deixam em cárcere até que o veículo passe pela fronteira”, afirma.
Agora, a Polícia trabalha para saber se há ligações entre os casos e se os envolvidos já identificados fazem parte de uma grande organização criminosa especializada nesse tipo de crime.
A suspeita veio à tona depois de ligação dos casos anteriores com o que foi registrado em Campo Grande. De acordo com informações do Boletim de Ocorrência, a vítima, identificada como Cleiton Diego Martins Vieira, de 27 anos, foi contratada via aplicativo, por volta das 12 horas, para fazer o transporte de uma carga de telhas isotérmicas até Corumbá.
Na negociação, o caminhoneiro combinou de encontrar com o falso contratante, que se identificou como funcionário de uma empresa, às 14 horas em um ponto do distrito de Indubrasil. Ao chegar no local, ele contou que foi abordado pela dupla de adolescentes que estava em veículo Kadet de cor vinho.
Um deles entrou pela porta do passageiro e, com um revólver na mão, anunciou o roubo. Os dois amarraram as mãos do trabalhador com fita adesiva e taparam os olhos e a boca do rapaz que foi colocado no banco de trás do veículo.
Um motociclista que passava pelo local viu a cena suspeita e acionou a polícia. O caminhoneiro foi levado para a pousada, na Rua Maracaju, onde permaneceu sob a vigilância de um dos menores.
Enquanto isso, o segundo adolescente e o motorista Hernani David de Souza, de 35 anos, contratado para levar o caminhão até Corumbá, voltaram ao Indubrasil para levar o caminhão até a fronteira.
Para a polícia, Hernani disse que não sabia que o caminhão havia sido roubado e que apenas aceitou fazer o transporte depois de ser contratado por R$ 3 mil, no entanto a versão dada por ele é contestada pela polícia.
Durante abordagem, o adolescente que estava com Hernani, prestes a levar o caminhão roubado para Corumbá, acabou confessando o crime e apontando o local onde Cleiton era feito refém.
Ao chegarem na pousada, policiais teriam sido recebidos a tiros pelo adolescente que acabou sendo baleado quando os militares revidaram os disparos. Ele chegou a ser socorrido e encaminhado para atendimento médico, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.