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Capital

Policial afastada é alvo de outra investigação por vazar informações

Policiais são investigados por integrar organização criminosa ligada a assassinatos no Bairro Moreninhas

Por Dayene Paz | 19/03/2024 11:45
Corpo de Luan coberto em rua das Moreninhas após execução no dia 18 de outubro do ano passado. (Foto: Osmar Daniel)
Corpo de Luan coberto em rua das Moreninhas após execução no dia 18 de outubro do ano passado. (Foto: Osmar Daniel)

A policial civil Fátima Regina Pereira Benitt, de 60 anos, investigada por colaborar com uma organização criminosa ligada a execuções em Campo Grande, já foi denunciada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por vazar dados em benefício de um amigo. Benitt e o escrivão Gustavo Cristaldo de Arantes foram alvos da operação "Juramento Quebrado", deflagrada pela DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa).

Além de inquérito policial, foi aberta Sindicância Administrativa Disciplinar para apurar a conduta de Fátima, investigadora lotada na 2ª Delegacia de Polícia Civil da Capital.

Segundo a denúncia do Ministério Público, nos dias 12 e 18 de novembro de 2020, a investigadora utilizou do acesso interno que possuía ao SIGO (Sistema Integrado de Gestão Operacional) e revelou dados de terceiros para um amigo obter vantagem no processo de custódia dos filhos.

Acontece que o amigo pediu que ela checasse o nome do atual companheiro da mãe dos filhos dele. "(...) em um ato de imoralidade, pediu para que utilizasse de seu acesso restrito ao sistema SIGO para realizar buscas (...)". Ela imprimiu todos os dados do atual companheiro da mulher e entregou ao amigo.

No documento, o amigo de Fátima viu que o atual companheiro da ex possuía registros criminais. "(...) utilizou-se dessa informação sigilosa e juntou no processo de guarda dos filhos". Assim, conseguiu a custódia e a mãe perdeu a guarda compartilhada "haja visto o iminente perigo que as crianças seriam submetidas", diz trecho do processo.

O documento impresso pela investigadora e apresentado na audiência de justificação ocultava a unidade policial, a data e o horário da pesquisa, "de maneira a omitir o responsável". Ao ser interrogada, Fátima exerceu seu direito de permanecer em silêncio, alegando que somente se manifestaria em juízo.

O processo sobre "vazamento de segredo" ainda está em andamento no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

Organização criminosa - Fátima e outro policial, o escrivão Gustavo Cristaldo de Arantes, lotado na Decon (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo), são investigados por compactuarem com uma organização criminosa suspeita de assassinatos no Bairro Moreninhas, em Campo Grande.

Eles foram alvos da Operação Juramento Quebrado, deflagrada pela Delegacia de Homicídios, na sexta-feira (15). "A ação decorre de investigações de homicídios ocorridos no Bairro Moreninhas, que levaram à suspeita da existência de organização criminosa que recebia colaboração de policiais civis", discorre a Polícia Civil.

Os dois policiais foram afastados das atividades por determinação da Justiça. Além disso, a Corregedoria-Geral da Polícia Civil determinou recolhimento das armas, carteiras funcionais e outras medidas cautelares aos dois. "(...) além da suspensão de suas senhas e logins de acesso aos bancos de dados da instituição policial".

A polícia não informa quais homicídios fazem parte dessa investigação. O último registrado no bairro foi de Luan de Oliveira Araújo, 22 anos, executado com cerca de 10 tiros na noite de uma quarta-feira, 18 de outubro de 2023. Luan já foi investigado pela morte de Lucas de Moraes Charão, de 26 anos, o "Bocão", ocorrida em novembro de 2020 no mesmo bairro. Além disso, Oliveira foi testemunha de outra execução na região.

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