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Capital

Prefeitura estuda "lei seca" no fim de semana contra lotação em hospitais

Essa é uma das medidas para reduzir internações, que pressionam ainda mais o sistema de saúde, já em crise com a covid-19

Marta Ferreira e Clayton Neves | 28/07/2020 11:27
Marquinhos Trad, na saída de reunião com grupo técnico. (Fotos: Kísie Ainoã)
Marquinhos Trad, na saída de reunião com grupo técnico. (Fotos: Kísie Ainoã)

Se o “lockdown de fim de semana” não resolveu, a prefeitura de Campo Grande avalia proibir a venda de bebida alcoólica de sexta-feira à noite até o domingo, como forma de tentar conter a violência atribuída às reuniões regadas a bebedeira, que provocam internações nos hospitais e pioram ainda mais a crise no atendimento de saúde, já no limite com os casos de covid-19.

A informação foi dada pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD), depois de reunião nesta manhã com o grupo criado pela prefeitura para avaliar medidas de enfrentamento à pandemia de covid-19.

A doença já tem mais de 9 mil casos na cidade e matou 108 pessoas, conforme o boletim mais atualizado. Ainda assim, todas as providências adotadas até agora, afirmou o prefeito, foram insuficientes para conter as pessoas, seja em aglomerações públicas ou em reuniões particulares. "Encontramos 7 campos de futebol com jogos no fim de semana", exemplificou o prefeito.

“Não resolveu, porque não houve acolhimento da população”,  entende o chefe do Executivo sobre as restrições definidas até o momento.

Prefeito segura papel com informações preocupantes sobre atendimento na Santa Casa.
Prefeito segura papel com informações preocupantes sobre atendimento na Santa Casa.

O consumo de álcool, identifica o grupo responsável pela avaliação, segundo Marquinhos relatou, acaba por ser vetor de casos de violência, seja no trânsito, seja dentro das casas, com a violência doméstica ou em brigas por assuntos banais.

Isso reflete diretamente na ocupação dos hospitais. Desde ontem, o maior estabelecimento de saúde de Campo Grande, a Santa Casa, anunciou estar em colapso por causa do atendimento de doentes por outras causas.

Efeito contrário ao desejado - Marquinhos apresentou dados nesse sentido. Disse que na primeira semana de julho, o hospital fez 198 atendimentos e 35 pessoas precisaram de leito de terapia intensiva. No fim de semana, já com a determinação de funcionamento apenas dos serviços essenciais, foram 229 atendimentos na Santa Casa, 45 deles de gente em estado grave o suficiente para ocupar um leito de UTI.

“Isso mostra crescimento de violência doméstica, politraumatizados e esfaqueados”, relaciona o prefeito, lembrando que era para ser justamente o oposto.

E o que será feito? - Campo Grande está, segundo escala criada por autoridades estaduais, em situação de risco máximo para covid-19, a chamada bandeira preta. Nesse caso, a recomendação é de medidas mais restritas possíveis, inclusive de lockdown.

Rejeito pelo empresariado, o termo é evitado por Marquinhos. Na conversa com o Campo Grande News, o prefeito falou da análise sobre adotar “lei seca” aos fins de semana e também de ampliar blitzes educativas, para tentar “convencer” as pessoas a colaborar.

Por enquanto, está valendo decreto que restringiu parcialmente o horário de funcionamento dos comércios. No próximo fim de semana, voltaria tudo ao normal, mas uma nova medida vai ser adotada antes disso.

“Vamos tomar medidas para tentar, mais uma vez, conscientizar as pessoas e pedir ajuda pra população”, afirmou Marquinhos.

E as aulas? Sobre as escolas e a retomada das aulas, o prefeito disse ainda não haver decisão, mas citou o fato de o governo ter prorrogado a suspensão das atividades presenciais até 7 de setembro.

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