Santa Casa “colapsou” após receber 88 vítimas de violência no fim de semana
Durante madrugada, 5 pacientes que precisaram de respiradores ficaram em ambús, equipamento que não é considerado adequado
A Santa Casa de Campo Grande, referência em atendimento de ala complexidade, como casos graves de neurologia e ortopedia, recebeu no fim de semana que passou, 229 pacientes, dos quais 88 eram vítimas de violência, agressões e acidentes, por exemplo. Para o superintendente da gestão médico-hospitalar, Luiz Alberto Kanamura, é um sinal de que o isolamento social não está sendo respeitado.
Neste último fim de semana de lockdown determinado pela Prefeitura de Campo Grande, houve melhora na taxa de isolamento se comparado aos últimos dias em que a cidade não conseguia ter mais que 37% das pessoas em casa. Ontem, a Capital alcançou índice de 49,40%.
Não foi suficiente. Em coletiva de imprensa nesta tarde, Kanamura fez apelo para que a população evite reuniões com bebidas alcoólicas e o trânsito, situações que podem fazer as pessoas precisarem de atendimentos de urgência e emergência. Lembrou ainda das atividades doméstica que podem causar acidentes com fogo. “Hoje não temos onde colocar um paciente queimado”.
Colapso – Mesmo após a abertura de mais 20 leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) no início do mês, o hospital divulgou no fim da manhã de hoje que havia entrado em colapso.
Todos os 100 leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) para adultos estavam ocupados, 10 deles com pacientes da covid-19. De ontem para hoje, com as vagas esgotadas, 11 pacientes chegaram ao hospital, 6 deles foram colocados em respiradores no pronto-socorro, mas 5 foram mantidos em ambús, instrumentos para manter a pessoa respirando, mas que necessita de um profissional de saúde manuseando-o o tempo todo.
Entre o dia 1º e hoje, deram entrada na Santa Casa, 2.937 pessoas – são 108 novos pacientes por dia. Kanamura destacou que, contudo, a velocidade com que pacientes necessitam de leitos não é a mesma do surgimento de vagas, com as altas hospitalares. “Pessoas politraumatizadas ocupam um leito por 15, 20 dias”.
O tempo médio de internação de pacientes com a covid-19 é de três meses, segundo autoridades de saúde. Na transmissão ao vivo desta segunda-feira (27) o prefeito Marquinhos Trad (PSD) seu o panorama geral da ocupação das UTIs em Campo Grande. Dos 264 leitos para pacientes graves existentes na cidade, sejam em hospitais públicos ou privados, 222 estão ocupados - 84%.