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Capital

Prefeitura não licita uniformes e pais temem mais gasto na volta às aulas

Aline dos Santos | 31/01/2014 11:25
Sem kit e uniforme, Karina, de 4 anos, já pergunta a bisavó se terá merenda na escola.(Foto: Marcos Ermínio)
Sem kit e uniforme, Karina, de 4 anos, já pergunta a bisavó se terá merenda na escola.(Foto: Marcos Ermínio)

Morando com os bisavós, cuja renda mensal é de R$ 312, a volta às aulas de Karina, de 4 anos, é marcada por inquietações. O ano letivo começa na próxima semana, dia 5 de fevereiro, mas a Prefeitura de Campo Grande nem abriu licitação para compra do uniforme e vai atrasar a entrega dos kits escolares.

Num cenário em que tudo falta, a menina já se preocupa com a merenda. “Ela me perguntou se vai ter merenda na escola, porque na creche tinha”, conta Suzileide Queroja, de 54 anos, bisavó da menina.

Juntas, elas esperavam o ônibus na rua Perdizes, via sem asfalto no Jardim Noroeste, região periférica da cidade, na manhã desta sexta-feira. “Já comprei o lápis, borracha e um caderno para ela. Agora, com o uniforme, tá difícil. Vai demorar um pouquinho. Diz que até junho chega, mas, meu Deus do céu, já vai ser quase metade do ano”, conta.

Sem informação oficial se em 2014 haverá ou não distribuição de uniformes para os alunos da Reme (Rede Municipal de Ensino), formada por 94 escolas e 96 Ceinfs (Centros de Educação Infantil), os boatos correm solto, como a previsão de junho ouvida por Suzileide.

Além de Karina, ela cuida de um neto de 14 anos. A menina vai começar a estudar em 2014 na escola municipal Ione Catarina Gianotti Igydio, onde o adolescente vai cursar o sexto ano. A família perdeu boa parte dos pertences, incluindo as roupas, em um incêndio.

Na rua Jordão, Jovita Passinho Toledo, de 24 anos, aguarda, esperançosa, notícias sobre os uniformes. O orçamento familiar de R$ 800, fruto do trabalho do marido, que é pedreiro, já vai sofrer abalo para a compra de material escolar para dois dos quatro filhos. “Vou ter que comprar material e uma mochila”, diz, com a previsão de gastar R$ 100.

Com quatro filhos, Jovita teme mais gastos. (Foto: Marcos Ermínio)
Com quatro filhos, Jovita teme mais gastos. (Foto: Marcos Ermínio)

No ano passado, as duas crianças em idade escolar – Mayla, de 9 anos, e Elias, de 7 anos - receberam camisetas e um short. “Antes, vinha mochila e tênis. Tive que comprar um tênis para a Mayla, porque a professora pediu”, diz. A menina estava fazendo as aulas de educação física com calçado “rasteirinha”.

“E espero que o uniforme volte a ser cinza, porque o branco suja muito”, afirma Jovita, também mãe de Fernando, de 3 anos, e do bebê Gustavo.

Ajudando a cuidar das netas no período de férias, o auxiliar de serviços-gerais Marino da Silva, de 60 anos, diz que os uniformes vão fazer falta na volta às aulas. “Mas ainda tem uns dias para começar”, diz, ao lado de Karly, de 7 anos, e Taynara, de 5 anos. Em 2013, o começo do ano letivo foi turbulento, com falta de merenda.

Silêncio – O Campo Grande News aguarda desde o dia 28 de janeiro resposta da assessoria de imprensa da Prefeitura sobre a compra dos uniformes. Até nesta sexta-feira, ainda não havia recebido resposta.

Após consulta ao Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) e à Cecom (Central de Compras), a reportagem verificou que não há licitação em andamento para compra dos uniformes.

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