Preso sai da Máxima se passando por outro e é descoberto só um mês depois
Detento que cumpria pena por roubo utilizou nome de colega que ganhou direito ao semiaberto no dia 2 de dezembro, mas caso só foi registrado por agentes penitenciários na Polícia Civil no dia 11
Somente um mês e nove dias depois, agentes penitenciários do Presídio Jair Ferreira de Carvalho, o presídio de segurança máxima de Campo Grande, no Jardim Noroeste, descobriram que condenado por roubo de 26 anos conseguiu fugir do local se passando por outro detento que ganhou o direito ao regime semiaberto.
Segundo o boletim de ocorrência, o caso aconteceu no dia 2 de dezembro. Entretanto, o registro só foi feito no dia 11 deste mês, no 3º DP (Carandá Bosque) de Campo Grande e mesmo assim como um caso de falsidade ideológica.
De acordo com o registro feito da ocorrência, por volta das 10h do segundo dia do ano, policiais militares do serviço de guarda e escolta de presos foram até a Máxima buscar um grupo de 12 detentos que seriam transferidos para o regime semiaberto.
Entre os beneficiados estava Wagner Pereira Colaneri, 32 anos. Preso em 2010 após furtar frascos de protetor solar na região central, ele foi encaminhado para a Máxima em março de 2015, quando tentou fugir do Presídio de Trânsito da Capital e acabou sendo capturado pelo Batalhão de Choque da PM.
Com bom comportamento até então, Colaneri teria assinado a ficha e transferido junto com o restante dos beneficiados com o regime semiaberto. Também teria por dois dias cumprido as normas até que sumiu. Antes de ser dado como foragido pelo sistema, no entanto, descobriu-se que Colaneri era, na verdade, Wagner Edson Guimarães, 26.
Guimarães está preso desde março do ano passado, quando foi espancado por populares após tentar roubar uma farmácia na rua 14 de Julho, na região central. Na ocasião, depois de ser desarmado e agredido por populares, a Polícia Civil descobriu que ele recebia ordens de dentro da Máxima e participara de pelo menos outros seis casos de roubos a comércios de Campo Grande.
“É um erro mais do que grosseiro, pois nem fisicamente os dois se pareciam”, disse um agente penitenciário, que prefere não se identificar, ao Campo Grande News.
Segundo o relato dos policiais militares e agentes penitenciários que trabalharam no dia da remoção, Guimarães agiu de forma perfeita. Ele respondeu perguntas de cunho particular, passando corretamente números de documentos do colega como o RG e a matrícula de registro na penitenciária.
“Chega a ser estúpido. O cara tinha tanto conhecimento dos trabalhos de praxe, que os decorou e sabia que sequer comparavam a foto do documento. Um serviço muito mal feito”, completou outro funcionário.
Investigação e providências - A investigação sobre o ocorrido está sob a responsabilidade do delegado Paulo Henrique Sá. Ele explica que por enquanto não há evidências de que houve facilitação por parte de algum servidor e que o detento será indiciado por falsidade ideológica, sendo captura ou não. “Ele não foi encontrado ainda”, afirmou.
A Agepen informou, por meio da assessoria de imprensa, que a Corregedoria está investigando a falha. Além disso, garantiu que com a implantação de um sistema de identificação por biometria (leitura eletrônica da impressão digital) vai evitar o erro se repita. “A direção do presídio já está trabalhando na implantação do sistema”, afirmou a nota da Agepen, sem detalhar quando o software estará instalado.
Segundo caso - No fim do ano passado, o detento Anderson Rodrigo de Araújo Dias, de 38 anos, conseguiu escapar do presídio de segurança média de Três Lagoas - cidade localizada a 338 km de Campo Grande - após se passar por outro preso, que tinha um alvará de soltura. O caso veio a público no dia 27 de dezembro.
*Matéria editada para correção de informação às 19h15.