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Capital

Professora denuncia concretagem para esgoto escorrer até nascente da Capital

Transbordamento das águas contaminadas ocorre desde o início deste ano, ela afirma

Por Cassia Modena | 15/10/2024 09:29


RESUMO

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A nascente do Córrego Imbirussu em Campo Grande está ameaçada pelo transbordamento de esgoto, que escorre pela Rua Amaporã desde o início do ano, inclusive por uma canalização irregular. Moradores denunciam que a situação piora com as chuvas, que misturam esgoto com água da chuva e inundam a região. O problema é agravado por obras de esgoto e drenagem malfeitas, que não resolvem o problema de forma definitiva. A área de vereda, que abriga fauna como macacos bugios e aves, também sofre com assoreamento e erosão, além da concretagem irregular. A Águas Guariroba e a Prefeitura de Campo Grande foram questionadas sobre a situação e responderam que estão tomando medidas para solucionar o problema, incluindo a desobstrução da rede de esgoto e obras de drenagem. A Semadur também está investigando a denúncia de lançamento irregular de esgoto e concretagem.

Área onde fica uma nascente do Córrego Imbirussu, em Campo Grande, está ameaçada pelo transbordamento de esgoto que escorre desde os primeiros meses deste ano pela Rua Amaporã em direção ao manancial – inclusive por uma canalização improvisada e irregular.

A denúncia é da professora Maricelia Moraes, que vive com a família na região há oito anos. Moradora do Bairro Manoel Taveira, ela acompanha a descida da água que chama de "podre", tanto pelo cheiro ruim quanto pelos contaminantes.

"A gente costumava caminhar e andar de bicicleta por ali, mas estamos evitando. Até o ano passado, dava para ver pessoas pescando e tomando banho no córrego", relata.

Ponto vermelho é onde o vazamento foi identificado pela denunciante (Arte: Bárbara Campiteli)
Ponto vermelho é onde o vazamento foi identificado pela denunciante (Arte: Bárbara Campiteli)

Maricelia diz que obras que mexeram na rede de esgoto e na drenagem foram feitas este ano nas proximidades. Não é a primeira vez que intervenções assim são realizadas, ela frisa.

"Sempre mexem, mas nunca resolvem definitivamente o extravasamento do esgoto. Para essas obras, interditaram a rua em agosto e agora não tem mais placa nenhuma bloqueando o trânsito. Não sei se terminaram, mas o problema segue aí", relata.

"Canal" de concreto - Sobre a canalização improvisada, a professora diz não saber quem fez, mas reparou que não é coisa antiga. "É uma concretagem bem mal feita que faz o caminho para a água podre escorrer até a vegetação ou mesmo dentro da nascente", continua.

Concretagem nas duas laterais da imagem ajuda a canalizar água de esgoto que desce pela rua (Foto: Antônio Gean de Sousa/Direto das Ruas)
Concretagem nas duas laterais da imagem ajuda a canalizar água de esgoto que desce pela rua (Foto: Antônio Gean de Sousa/Direto das Ruas)

A situação piora quando chove. "O esgoto extravasa e se une à água da chuva. Inunda toda essa região", ela relata.

A área de vereda já tem outros problemas importantes como o assoreamento da nascente e o que pode ser uma erosão, continua a professora. "É uma área protegida, não pode ser construído nada ali, nem concretado. Precisa ser preservada", alerta.

Publicado em 2023, estudo de pesquisadores da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) classificou o Córrego Imbirussu como o mais poluído de Campo Grande. Leia detalhes aqui.

Animais - A moradora ainda diz que se preocupa com o desaparecimento da fauna que vive na região.

Trio de macacos bugios no alto das árvores que beiram a nascente (Foto: Antônio Gean de Sousa/Direto das Ruas)
Trio de macacos bugios no alto das árvores que beiram a nascente (Foto: Antônio Gean de Sousa/Direto das Ruas)
Macaranã abocanhando frutos dos buritis na região (Foto: Antônio Gean de Sousa/Direto das Ruas)
Macaranã abocanhando frutos dos buritis na região (Foto: Antônio Gean de Sousa/Direto das Ruas)

Ela e o marido já avistaram macacos bugios ali, além de aves como a galinha d'água, coró-coró e macaranã-do-buriti. As espécies foram fotografadas entre as árvores da área de vereda, se alimentando de frutos.

Esgoto e obras - O Campo Grande News questionou os problemas e irregularidades com a Águas Guariroba, responsável pelo sistema de esgoto, e a Prefeitura de Campo Grande, que responde pela drenagem na região.

Por meio da assessoria de imprensa, a Águas respondeu ontem (14) que enviará uma equipe ao local para realizar a desobstrução da rede e parar o vazamento. Informou também que realizou obras naquela região no ano passado, para implantação de rede de esgoto.

"Extravasamentos como o informado são provocados por duas razões: descarte incorreto de lixo e ligações de águas pluviais feitas de forma irregular na rede de esgoto. A concessionária reforça que a água das chuvas deve ser interligada diretamente ao sistema de drenagem das ruas, que por sua vez desemboca nos rios e córregos. É proibido fazer a ligação dessas águas na rede de esgoto", explicou em nota a concessionária.

A Águas registra ainda que, devido ao descarte irregular, são retiradas cerca de 50 toneladas de resíduos da rede de esgoto de Campo Grande por mês.

Com o uso de escavadeiras hidráulicas, prefeitura faz obras no Córrego Imbirussu, no Bairro Zé Pereira (Foto: Divulgação)
Com o uso de escavadeiras hidráulicas, prefeitura faz obras no Córrego Imbirussu, no Bairro Zé Pereira (Foto: Divulgação)

Em fevereiro deste ano, a prefeitura anunciou que faria obras para conter alagamentos próximos ao Córrego Imbirussu. A Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) informou hoje (15) que atualmente são feitas intervenções de drenagem no Bairro Bosque das Araras, que fica na mesma região com os problemas apontados por Maricelia.

Quanto à degradação da área, a Sisep afirmou que "foi apresentado um projeto e está em análise na Semadur (Secretaria Municipale Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) Plano de Recuperação de Áreas Degradada ou Alterada (PRADA) Nascente Bosque das Araras".

Com relação à denúncia de suposto lançamento irregular de esgoto e de concretagem, a Semadur informou que encaminhou a demanda ao setor de fiscalização.

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