Professores trabalham de luto um dia após morte de aluno durante assalto
Jean foi baleado na Rua Cláudio Coutinho, no Bairro Campo Nobre, em frente à Casa de Carne Dois Irmãos
“Ele era um bom aluno. Não dava trabalho. Estamos desolados.” As frases são de Adaltu Júlio da Costa, diretor da Escola Teotônio Vilela, no Bairro Universitário, onde estudava o adolescente Jean Kaio da Costa Oliveira, 17 anos, morto com tiro no peito durante tentativa de assalto.
O menino foi baleado na tarde de ontem (26), na Rua Cláudio Coutinho, no Bairro Campo Nobre, em frente à Casa de Carne Dois Irmãos, em Campo Grande. Após o crime, o suspeito que usava boné vermelho fugiu em uma bicicleta. Ele ainda não foi preso.
A vítima foi socorrida pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) à Santa Casa, onde deu entrada às 15h e morreu minutos depois. Desde o início do ano, Jean era menor aprendiz no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e cursava o 2º ano do Ensino Médio no período da noite.
Segundo Adaltu a comoção foi tanta, que precisou dispensar os alunos da sala de Jean. “Não tinha como dar aula para a turma. “É difícil encontrar vazia a carteira de um aluno que você sabe que não vai ver nunca mais”, diz emocionado o diretor. Tanto os professores quantos os alunos ficaram sabendo da morte no horário da aula.
O diretor reclama da segurança na região. Ele diz que é muito precária e que somente neste ano acionou a polícia por várias vezes. Não tem iluminação no entorno, situação que facilita os assaltos no período noturno. Outro agravante, conforme Adaltu, é a questão dos horários dos ônibus do transporte coletivo. A aula termina 22h30, mas o ônibus passa 5 minutos antes.
Em razão disso, os alunos acabam ficando mais de 15 minutos expostos na rua aguardado o próximo, o que chama a atenção de criminosos. “Eu não posso liberá-los mais cedo porque a carga horária tem que ser cumprida e os pais precisam autorizar”, explica.
Também muito triste com a situação, o professor Pedro Henrique Batista ficou sabendo da morte do aluno quando chegou para lecionar. “Estava rindo com outro professor e fazendo piada, quando entramos na sala ficamos sabendo o que havia acontecido”, diz.
Revoltados com o fato, os alunos do 3ª ano resolveram se mobilizar e marcaram para às 6h30, pouco antes do começo da aula, uma manifestação em frente à escola. “Vamos pedir mais segurança no bairro. A região tem muito assalto”, explicam o professor e o diretor. O bairro em que a vítima vivia fica na redondeza da escola. Jean está sendo velado na Funerária São João Batista, na Rua 13 de Maio.