Protesto contra cortes na educação cresce e estudantes fecham avenida
Protesto teve início na Praça Ary Coelho e seguiu até a Praça do Rádio na região central
O protesto contra os cortes na educação cresceu no fim da tarde desta quinta-feira (30) em Campo Grande. A manifestação, que teve concentração na Praça Ary Coelho, fechou trecho da Avenida Afonso Pena, no sentido shopping. Os estudantes, cerca de 1,2 mil, segundo o movimento estudantil, se deslocaram até a Praça do Rádio.
Por conta da manifestação, houve congestionamento na avenida, iniciado em três quadras, na região da Praça Ary Coelho e, por conta do horário, acabou se estendendo ao longo da avenida, próximo do Sesc, no sentido Aeroporto de Campo Grande. Equipe do BPTran (Batalhão de Polícia Militar de Trânsito) fez o controle na via para desafogar o trânsito.
O protesto é formado por estudantes da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul), Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) e também de entidades privadas, como UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) e alguns do colégio Elite Mace.
A estudante Maria Eduarda, de 26 anos, faz Ciências Sociais e conta com bolsa emergencial, com prazo de três meses até garantir a bolsa permanente. Ela conta que recebe R$ 400 e veio do Rio Grande do Sul para estudar. Maria diz que está com medo dos cortes chegarem até as bolsas permanentes. “Sem a bolsa permanente não consigo continuar estudando”.
Ela conta que divide os custos do apartamento onde mora com um colega de faculdade, também diz que o medo não é só dela. “Todo mundo vai precisar depois”, lamenta.
Fabiana Gibim, de 23 anos, tem bolsa de pesquisa do curso de Letras. Ela diz que ainda assim trabalha em sala de aula para se manter. “Sem bolsa não sei o que fazer. Está uma áurea de terror”.
Já Paula Fernandes, de 23 anos, tem bolsa de projeto de extensão em Ciências Biológicas. A estudante está no 7º semestre, quase se formando. Ainda trabalha como manicure para garantir renda extra e sonha com mestrado na área, mas teme em não conseguir. “Sou trabalhadora. Só quem tem dinheiro que vai conseguir fazer isso [mestrado], vou precisar trabalhar”.
A polícia acompanha o protesto na região central de Campo Grande. Além dos gritos contra os cortes na área da educação, alguns manifestantes também aproveitaram para criticar a reforma da Previdência.
Dourados – Alunos da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) bloquearam nesta manhã uma das pistas da Avenida Guaicurus, em Dourados, a 233 km de Campo Grande. O protesto faz parte do Dia Nacional em Defesa da Educação contra os cortes do governo federal nas universidades, nos institutos federais e na educação básica.
O bloqueio com galhos e pneus ocorreu na pista que liga o centro à Cidade Universitária, onde ficam os campi da UFGD e da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). A Avenida Guaicurus, como é denominado o trecho de 12 km da MS-162, também dá acesso à 4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, a empresas e propriedades rurais e ao Aeroporto Francisco de Matos Pereira. Para chegar a esses locais é preciso passar pela via de terra ao lado da rodovia. A pista no sentido contrário está liberada.
Pneus em chamas usados pelos estudantes para bloquear a pista provocaram uma densa nuvem de fumaça. Por risco de a fumaça atingir o aeroporto, a Polícia Militar Rodoviária acionou o Corpo de Bombeiros para apagar as chamas.
Anastácio – Depois de cerca de cinco horas de interdição, indígenas e estudantes desbloquearam a BR-262, no quilômetro 527, em Anastácio, a 135 quilômetros de Campo Grande. O protesto fez parte do Dia Nacional em Defesa da Educação, que também provocou mobilização em Dourados. Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), o protesto havia começado por volta das 6h20 e terminou às 11h30.
Participaram cerca de 80 indígenas, além de médicos, enfermeiros e agentes de saúde, além de acadêmicos da região. Segundo lideranças indígenas, o motivo do protesto é o corte nos repasses para as universidades públicas e também atraso no pagamento de servidores que garantem o atendimento de saúde nas aldeias.