Protesto em frente a casa de deputado tem "enterro de carreira" e panelaço
O movimento Chega de Impostos realizou na noite desta segunda-feira (28) em Campo Grande o cortejo fúnebre que simbolizou a morte da carreira política do deputado federal Dagoberto Nogueira (PDT). O ato começou em frente ao (Ministério Público Federa), na avenida Afonso Pena, e foi até o prédio onde mora o deputado, no Jardim dos Estados. Vizinhos apoiaram o ato piscando as luzes dos apartamentos e fazendo um "panelaço".
O cortejo começou com sete carros e um veículo funerário da Pax Domini, alugado para o ato. Durante o trajeto, além de buzinaço, houve adesões, chegando a ter 15 automóveis. Grande parte dos participantes vestiam preto e usavam máscaras com o rosto do deputado Dagoberto Nogueira, que faz parte da base aliada da presidente, mas diz aguardar decisão da direção nacional do partido para se posicionar contra ou a favor do impeachment.
Mulheres encenaram carpideiras, chorando em volta do caixão. Em um mega-fone, os manifestantes gritavam "atenção políticos, não queiram enterrar sua carreira política" e "político que vota contra impeachment tem o rabo preso". Em sete apartamentos vizinhos, foi demonstrado apoio ao movimento, com os moradores piscando luzes e batendo panelas nas sacadas. A reportagem apurou que o deputado e a família não estavam no local.
"Acho que esses protestos são válidos, são importantes e a gente tem que participar. Parabéns ao pessoal que continua mobilizado, pois esse é um momento único no país", comenta um Luiz Roberto de Oliveira, que mora em um edifício ao lado do de Dagoberto e, com a movimentação no loca, foi ver do que se tratava ao lado da filha Laura, de sete anos.
A situação também chamou a atenção da executiva comercial Cristina Mattos, que costuma frequentar o edifício e diz já ter visto Dagoberto no local algumas vezes. Ela opinou com mais cautela sobre o impeachment. "Sou contra corrupção, e se for provado que a presidente é culpada, ela tem que pagar, assim como outros também devem ser punidos. Mas é preciso ter provas", frisa.
Após protestarem em frente ao apartamento de Dagoberto, os manifestantes soltaram fogos de artifício e o cortejo retornou para o MPF. O caixão usado no ato simbólico foi decorado até com coroa de flores pelos manifestantes. Faixas escrito "Impeachment, isso resolve" e "Funeral da carreira" também foram usadas para pressionar o parlamentar sul-mato-grossense a votar a favor do impeachment de Dilma no Congresso Nacional.
"A maioria dos deputados está contra esse Governo, que perdeu a credibilidade. O Dagoberto está indeciso e a sociedade vai saber que ele está indeciso. Queremos que ele se posicione. Se votar contra o impeachment, vamos enterrar a carreira dele", comenta uma das organizadoras do ato, Fabrícia Monteiro Sallles.
O partido o qual Dagoberto é membro, o PDT, faz parte da base de apoio da presidente Dilma Rousseff (PT), alvo de pedido de impeachment no Congresso. Porém, futura decisão do comitê nacional pode retirar o apoio ao atual Governo Federal, seguindo a corrente de outros partidos que também já se declararam fora da base aliada.