Protesto termina e prefeitura mantém sorteio de pontos para ambulantes
Diretor-presidente da Agetran explica que regras foram definidas sob a supervisão do MPE
Sentido-se injustiçados com a distribuição dos pontos para ambulantes nos terminais de ônibus, trabalhadores fecharam a Avenida Gury Marques no início da tarde desta segunda-feira (23) pedindo a revisão das regras. O diretor-presidente da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Janine de Lima Bruno, disse que o sorteio não será refeito.
“As regras foram definidas por uma comissão e publicadas em edital. Um integrante do MPE [Ministério Público Estadual] acompanhou o sorteio, não tem o que contestar”, afirmou Bruno.
Os insatisfeitos fizeram protesto em frente a Agetran, fechando a avenida Gury Marques em frente ao Terminal Guaicurus, que só foi liberada para o tráfego por volta das 17h. Eles exigiam a presença do prefeito Marquinhos Trad (PSD) para rediscutirem as regras do sorteio.
“Queremos que anule esse sorteio. Está tudo errado”, afirmou Custódia Pereira, a presidente da Associação dos Ambulantes de Campo Grande.
Regras – O diretor-presidente lembra que a comissão que definiu a regras para a distribuição dos pontos é formada por quatro servidores da Agetran e um representante da 67ª Promotoria de Justiça dos Direitos Humanos de Campo Grande, atendendo a recomendação feita pelo próprio MPE no dia 7 de outubro.
“Todos têm direito de concorrer desde que atendam aos requisitos, não poderia haver preferência, o próprio MPE entendeu assim”, afirmou sobre solicitação dos manifestantes de que o critério de antiguidade deveria ter sido levado em consideração.
O edital para recadastrar os interessados em trabalhar nos terminais saiu no Diário Oficial do Município do dia 23 de dezembro. No total, 156 ambulantes se inscreveram e dez tiveram o cadastro para participar do sorteio impugnado por falta de documentação. Portanto, 146 entraram na disputa por 135 vagas e 11 ficaram como suplentes.
Descontentes – Francisca dos Santos Silvas, de 75 anos, trabalhava há cinco anos no Terminal Morenão, e não conquistou a vaga para continuar no local. Ela afirma que está se sentindo traída. “Meu marido é doente, eu não sou aposentada, não sei o que vou fazer”.
Neide Carvalho de Souza, 45 anos, também participa do protesto. Ela trabalhava há oito anos no Terminal Bandeirantes e não foi chamada. Ficou como suplente, ou seja, numa fila de espera por algum ambulante que desistir do ponto. “O ponto é meu, sustento a minha família, mantenho a minha casa, como vou fazer?”, questiona.
Ambulante há cinco anos no Terminal General Osório, João Guedes Nogueira, de 69 anos, conseguiu manter o ponto onde vende água, refrigerante e salgados, mas diz entender os motivos dos manifestantes. “Para mim foi tranquilo porque eu fui sorteado, mas seria justo que pessoa que estavam há mais tempo tivessem preferência”.