Protetora é solta, mas está proibida de acolher animais pelos próximos 3 meses
Protetora foi presa após morte de irmão em local insalubre, animais mortos e infestação de baratas
Em audiência de custódia, neste domingo (10), a juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna deu liberdade à protetora de animais Marlene Batista Gonçalves, de 55 anos. A mulher foi presa na sexta-feira (8) após a morte do irmão, encontrado na casa do Bairro Universitário, em situação insalubre, em meio a fezes, animais mortos e infestação de baratas. Quase 100 animais foram retirados do local.
Os fatos ocorreram no fim da tarde desta sexta-feira (8), quando Neilton Soares Cabral, de 49 anos, foi encontrado morto em meio a insalubridade. A Polícia Civil foi acionada e quando chegou na casa da Rua Eusébia Neder, um forte cheiro vinha do imóvel. Ao entrar no quintal, os policiais encontraram mais de 100 animais domésticos. "Foi possível notar que havia animais mortos em meio a outros ainda com vida, todavia, em situação aparente de desnutrição e maus-tratos", descreve o boletim de ocorrência.
Segundo a polícia, outras três pessoas residem na casa - Marlene e os dois filhos com necessidades especiais. Havia infestação de baratas dentro e fora dos cômodos, "inclusive sobre o corpo da vítima e de um dos acamados que se recuperava no local", destaca o documento.
Marlene pontuou que Neilson estava muito debilitado e que havia recebido alta médica da Santa Casa de Campo Grande com recomendação de cuidados. Ela também alegou que trabalha como acolhedora de animais em situação de abandono, informando que recebe auxílio financeiro e doações para manter os cães e gatos.
No entanto, a equipe responsável pela ocorrência relatou que "o local não apresenta condições de habitação [...] e que a vítima não tinha condições de ser cuidada naquele ambiente, visto a infestação de baratas, animais mortos inclusive na área de cozinha onde se manuseia alimentos".
Soltura - Marlene passou por audiência de custódia neste domingo (10). O Ministério Público foi favorável à prisão preventiva dela pela "preservação da ordem pública, conveniência da instrução criminal e, ainda, para garantir a futura aplicação da lei penal".
Ao pedir a soltura, o advogado de Marlene, Caio Moura, sustentou que ela cuidava do irmão sozinha e não tinha qualquer ajuda, além de ter dois filhos especiais.
O advogado e vereador Professor André, vice-presidente da Comissão de Saúde, também participou da audiência. Ao defender a soltura de Marlene, citou que o recolhimento de animais por parte de protetores é um problema recorrente na saúde pública. "Vivem nessa condição por causa de uma ausência absoluta do poder público, porque não existe um centro de acolhimento de animais em Campo Grande. A Marlene é uma heroína dentro dessa causa, uma pessoa de bom coração", pontuou.
Além disso, o vereador disse que Marlene não recolhe animais. "Tem animal em casa não porque recolhe animal, as pessoas jogam animal na casa dessas pessoas. A Marlene foi visitada no ano passado e estava regular, mas de vez em quando acontece isso. É o reflexo da falta do poder público, porque mais de 80 pessoas vivem em situação semelhante", finalizou.
A juíza entendeu que a situação degradante também era vivida por Marlene e, ao conceder liberdade provisória, pediu assistência do município a ela. Também vedou o acolhimento de animais por três meses. "O cuidado não está sendo efetivo, não está tendo controle", ponderou a juíza. Marlene deve comparecer a todos os atos do processo e, caso mude de endereço, deve informar à Justiça.
Ao finalizar a audiência, a magistrada citou que o acolhimento de animais é um problema a ser resolvido na Capital. "Não tem muito o que fazer nessa situação, porque na verdade é um problema mais da condição humana, da sociedade, tem que ser feita alguma coisa mesmo".
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