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Capital

Psiquiatra preso por traficantes diz que veio a MS por tratamento contra drogas

O casal, suspeito de manter o médico e o namorado dele em cárcere, mantinha os dois em condições deploráveis

Viviane Oliveira | 16/06/2023 12:09
Momento em que Thiago foi preso por policiais da Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico) (Foto: reprodução vídeo / Dayene Paz)
Momento em que Thiago foi preso por policiais da Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico) (Foto: reprodução vídeo / Dayene Paz)

O médico psiquiatra de 49 anos, resgatado ontem (15) com o namorado de 23 anos, vivendo em condições sub-humanas numa casa na Rua Cáceres, na Vila Palmira, em Campo Grande, disse que é usuário de drogas e veio para Campo Grande fazer tratamento contra a dependência química.

Os moradores da residência, Thiago Henrique Vilalva Saavedra, de 35 anos, e Solange Padilha Ferreira, de 32 anos, suspeitos de manter o casal em cárcere privado e de vender drogas, foram presos em flagrante.

Em depoimento à polícia, o médico contou que é do Paraná e há um ano veio para Campo Grande fazer tratamento contra a dependência química. “Minhas irmãs choram por isso, por esse motivo me trouxeram para fazer tratamento numa clínica, localizada na Chácara dos Poderes”, relatou o médico.

Segundo o psiquiatra, ficou três meses na clínica e depois retornou ao Paraguai para pegar as coisas dele. Na sequência, foi para Mato Grosso e depois retornou a Campo Grande para dar continuidade ao tratamento. Na cidade, ficou hospedado em um hotel, próximo da antiga rodoviária, mas acabou conhecendo a Sol [Solange].

“Ela tem um hotel, que fica perto da onde eu estava ficando. Um dia ela disse que tinha um quartinho para me alugar e fazia mais barato”, contou. O médico, então, foi para a casa da mulher e do namorado dela, Thiago.

Indagado se era proibido sair da residência, onde o namorado também ficava, disse que não. “Eu não saía de casa porque não tinha para onde ir. Ela me proibiu de entrar na casa deles. Não podia usar a cozinha, o banheiro tinha que usar rápido. Ela falou que o quarto era bom, que tinha tudo, mas só tinha a cama, sem colchão. Depois ela trouxe um colchão, que era bem velho. Nesses dias de frio, a gente dormia com duas mantinhas”, disse.

Ele pagava R$ 1,5 mil de aluguel para Solange, valor incluía alimentação e roupa lavada, porém o médico disse que fazia apenas uma refeição por dia. “A Sol [Solange] exigia que eu fizesse transferência toda semana, mas eram valores altos, tem transferência de R$ 10 mil”. Indagado pela polícia se o valor era referente ao aluguel, ele respondeu que não. “Era de droga. Eu comprava pasta base dela. Ela cobrava R$ 100 a grama. Ela dizia que eu usava muito e por isso deveria fazer transferências altas”, desabafou.

Conforme o médico, transferiu cerca de R$ 50 mil para a mulher, mas ela dizia que ele ainda estava devendo cerca de R$ 90 mil. Além do psiquiatra, morava na residência o namorado dele, que também é dependente químico. Questionado se o namorado lhe oferecia droga, ele disse que não.

“Eu que pedia droga pra ele”, afirmando que apenas Solange e Thiago vendiam o entorpecente. “A casa era depósito de distribuição de droga”, revelou. Em depoimento, Solange negou ser traficante. Já o namorado dela, Thiago, preferiu se manter em silêncio.

Solange e Thiago passarão por audiência de custódia na Justiça, para definir se ficarão presos esperando o andamento do inquérito ou se poderão responder em liberdade. O médico cursou Medicina na Bolívia e, de lá, foi para o Paraguai, onde atuou por 17 anos.

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