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Capital

Tatuador cego é acusado de dar golpe de R$ 80 mil na ex-esposa

Técnica em farmácia afirma que Leandro Coelho Marques a convenceu a assinar contrato simulando venda de casa

Por Ana Paula Chuva | 04/03/2025 15:10
Tatuador cego é acusado de dar golpe de R$ 80 mil na ex-esposa
Leandro em entrevista ao Campo Grande News no dia 7 de fevereiro deste ano (Foto: Henrique Kawaminami)

Preso no último domingo (2), por descumprir medida protetiva, o tatuador Leandro Coelho Marques está foi denunciado pela ex-esposa técnica em farmácia de 42 anos por golpe de R$ 80 mil em um contrato simulado da compra da casa onde ele afirma que mora no quintal da mulher. A ação tramita na 8ª Vara Cível de Campo Grande. O homem foi alvo de mandado de prisão preventiva pela violência doméstica e passou por audiência de custódia nesta terça-feira (4).

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Um tatuador cego de Campo Grande, Leandro Coelho Marques, foi preso no domingo (2) por descumprir medida protetiva e é acusado pela ex-esposa, uma técnica em farmácia de 42 anos, de aplicar um golpe de R$ 80 mil através de um contrato simulado de compra de imóvel. Segundo o processo que tramita na 8ª Vara Cível, antes do casamento em 2023, Leandro teria proposto um contrato fictício de compra da casa para conseguir doações de terceiros, mas nunca pagou o valor combinado. O tatuador, que perdeu a visão após ser atacado com soda cáustica por outra ex-mulher em 2023, manteve as vias do contrato consigo e se apropriou do imóvel. Uma audiência de conciliação está marcada para abril. Leandro está detido na DEAM após ordem judicial expedida em 21 de fevereiro pela 3ª Vara da Violência Doméstica.

De acordo com os autos do processo por estelionato, após o ataque com soda cáustica e antes de se casar com a mulher, ainda em 2023, Leandro propôs a simulação do contrato de compra e venda do imóvel que pertence à técnica de farmácia para que ele pudesse receber doações.

“Necessitava desse documento fictício para supostamente comprovar a propriedade perante terceiros (potenciais doadores) e, assim, viabilizar o recebimento de auxílios financeiros”, diz parte da petição feita pelo advogado Robson Leiria Martins que atua na defesa da mulher.

O contrato foi assinado no valor de R$ 80 mil, mas para a técnica de farmácia o documento não teria nenhum valor jurídico já que seria “falso”. Ainda nos autos, o advogado descreve que, inclusive, o valor de R$ 80 mil nunca foi pago por Leandro e ele não tinha nenhuma intenção de vender o imóvel.

“O réu, de forma ardilosa e calculada, assegurou que o contrato seria meramente de fachada, desprovido de qualquer validade jurídica, que não haveria pagamento de qualquer valor e que o imóvel permaneceria, de fato e de direito, sob propriedade exclusiva da autora”, relata o documento. O casamento foi realizado com separação absoluta de bens obrigatória em setembro de 2024.

No entanto, o advogado relata que Leandro ficou com as duas vias do contrato impedindo que a técnica em farmácia tivesse acesso ao documento. O tatuador também se apropriou do imóvel para fins pessoais e, como ela o pegou com outra mulher na residência, ela a teria agredido e a expulsado da casa. Por isso, ela entrou com pedido de divórcio e solicitou medidas protetivas contra Leandro.

Dia 12 de fevereiro o juiz Mauro Nering Karloh negou a tutela de urgência e indeferiu a imissão da posse da residência para a técnica em farmácia. Porém, designou uma audiência de conciliação do caso prevista para o final do abril. A sessão será realizada de forma telepresencial e Leandro deverá se apresentar com um advogado.

De vítima a algoz - Em fevereiro de 2023, o tatuador foi atacado pela ex-mulher, Sônia Obelar Gregório, com soda cáustica no rosto. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado para a Santa Casa, onde passou por procedimentos cirúrgicos, mas perdeu a visão.

 Sônia foi presa no ano passado em Curitiba, no Paraná, por força de mandado de prisão. Na ocasião, conforme o delegado Nasser Salmen, desde que a Vara Criminal de Campo Grande expediu o mandado de prisão pelo crime de lesão corporal gravíssima, a inteligência da polícia começou a dar apoio na captura. A mulher permanece custodiada na cadeia pública da capital paranaense.

Domingo, Leandro acabou sendo alvo de mandado de prisão expedido pela 3ª Vara da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher por descumprimento de medidas protetivas. A ordem judicial foi cumprida por equipe da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

O mandado foi expedido no dia 21 de fevereiro pela juíza Adriana Lampert pela quebra da medida protetiva. Ele foi encontrado pela equipe da Deam nesse domingo e levado para  sede da especializada, onde está a disposição da Justiça. No dia 7 de fevereiro, Leandro conversou com o Campo Grande News em frente à Casa da Mulher Brasileira.

Na ocasião ele havia sido detido por violência doméstica e contou que em junho de 2024 casou com uma farmacêutica de 45 anos. Ele relatou que comprou uma casa no mesmo terreno que a residência da mulher e meses depois o relacionamento terminou, porém o fato de morarem no mesmo quintal virou motivo de briga e ciúmes, na versão do tatuador.

Foi quando ele recebeu uma amiga em casa e, segundo o tatuador, a ex-companheira, não teria gostado. O caso virou confusão e foi parar na delegacia. A mulher pediu medida protetiva contra Leandro que foi deferida pela Justiça e agora toda vez que ele vai para a casa, ela chama a polícia. Na entrevista, ele chegou a relatar que não teria outro lugar para ir.

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