Quedas levam 622 idosos a hospital; médica alerta sobre perigo da ociosidade
Médica dá dicas para evitar tombos em casa e internação, pois hospital também oferece riscos
Do início do ano até junho, 622 idosos foram parar na Santa Casa de Campo Grande depois de levar algum tipo de tombo. As mais comuns são quedas acidentais e da própria altura, ou seja, quando a pessoa simplesmente cai por desequilíbrio.
Especialistas alertam que a internação pode ser uma "catástrofe" para o idoso, pois o paciente fica exposto a vários riscos, inclusive ao contágio de covid-19, tem que fazer cirurgia, demora a se recuperar e muitos até perdem a mobilidade.
A ociosidade é o grande vilão quando o assunto é o que provoca essas quedas entre os idosos, na avaliação da médica geriatra do hospital, Paskale Vargas. Ela explica que para um corpo mais enfraquecido de nutrientes e com os reflexos mais lentos devido à própria idade, qualquer atividade comum pode se transformar em algo perigoso.
A médica alerta que os tombos não devem ser considerados comuns e a família deve romper com o estigma de que ficar velho é sinônimo de queda.
“Não os deixar sozinhos ou sem afazeres é importante. Devem-se criar novas estratégias neste período como atividade física em casa, aulas de dança, música e pintura e demais ações que podem ser feitas remotamente, ajustado ao dia a dia da família, sem que haja uma exposição do idoso”, recomenda a médica.
A geriatra lembra que a maioria das quedas ocorrem no interior das casas, por isso também é preciso ter um ambiente adequado para garantir a segurança deles. Segundo a Santa Casa de Campo Grande é possível minimizar os riscos de queda.
Dicas para evitar - As orientações são instalar luzes noturnas para iluminar o caminho do quarto até o banheiro; evitar tapetes que podem causar escorregões e tropeços, substituindo-os por tapetes de borracha nas áreas onde são necessários; colocar rampas ao invés de escadas ou corrimões firmes; evitar Itens mantidos em prateleiras altas ou em armários de difícil acesso; instalar barras de apoio ao lado de vaso sanitário e dentro do box do chuveiro para facilitar a mobilidade e colocar grades nas laterais da cama para auxiliar na hora de deitar e levantar.
Além disso, é importante manter um acompanhamento com médico geriatra, segundo a médica, pois devem ser avaliados os medicamentos de uso contínuo e doenças crônicas que podem ocasionar tonturas e quedas.
"O idoso mais propenso a cair é aquele que possui doenças crônicas que não estão sendo controladas, como, por exemplo, a diabetes e a hipertensão e aqueles que utilizam mais de cinco medicamentos por dia. Devemos ficar atentos ao idoso que tem medo de cair e aquele que no último ano já apresentou mais de duas quedas. Esses são sinais que esse idoso precisa passar por uma consulta médica para evitar fraturas e hospitalizações”, alerta Paskale.
Em janeiro, a Santa Casa atendeu 96 pessoas com mais de 60 anos, que haviam caído. Em fevereiro, o número subiu para 111 e para 118 em março. Em Abril, o hospital recebeu 90 idosos vítimas de queda, em maio foram 106 e em junho fez 101 atendimentos desse tipo.