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Capital

‘Quem sabe no Bar do Zé?’, questiona prefeito sobre estátua de poeta

Marquinhos garantiu que vai obedecer decisão judicial e escolhe outro local para instalar a estátua em homenagem a Manoel de Barros

Anahi Zurutuza e Mayara Bueno | 06/09/2017 10:48
Prefeito Marquinhos Trad faz discurso durante agenda pública na manhã desta quarta-feira (Foto: André Bittar)
Prefeito Marquinhos Trad faz discurso durante agenda pública na manhã desta quarta-feira (Foto: André Bittar)

A polêmica sobre o local da instalação da estátua de bronze em homenagem a Manoel de Barros tomou contornos de um repente. Para dizer que vai obedecer a decisão do juiz David de Oliveira Gomes Filho e que não vai entrar em batalha judicial para instala o monumento no canteiro central da avenida Afonso Pena, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) também apelou para a rima.

“Se foi ‘E agora José?’ e ‘E agora Mané?’, quem sabe no Bar do Zé?”, disse ao ser questionado sobre a “sentença-poética” dada nesta segunda-feira (4).

O chefe do Executivo municipal diz que estuda instalar a estátua em frente ao Bar do Zé, tradicional ponto de encontro de Campo Grande no calçadão da rua Barão do Rio Branco e local propício para quem quiser conversar com o poeta.

Mas, antes da decisão final, Marquinhos disse que vai abrir uma consulta pública. O prefeito só não sabe ainda como viabilizar a pesquisa, se pelo site da Prefeitura de Campo Grande ou por meio de empresa especializada. 

“Vamos obedecer [a decisão judicial], assim como todas as recomendações e decisões da Justiça, que não são poucas”, garantiu.

O juiz poeta – “E agora, Mané? Talvez Carlos Drummond de Andrade, no lugar deste juiz, começasse sua decisão assim: ‘E agora, Mané?’”. É com esta frase que David de Oliveira Gomes Filho, titular da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, iniciou a decisão dele sobre o destino da estátua. O juiz que escreveu setença inspirada disse, no próprio texto, que foi acometido pelo “efeito Manoel de Barros”. 

Para o magistrado, ela deve ir para outro lugar que não o sítio arqueológico do Exército e canteiro tombado como patrimônio histórico e cultura, como o da Afonso Pena, no centro da cidade. A ideia da Prefeitura de Campo Grande era instalar a homenagem no trecho da avenida entre as ruas 13 de Maio e Rui Barbosa.

Para que o canteiro sofra qualquer alteração, inclusive o acréscimo de uma estátua, é preciso análise técnica e autorização de órgãos responsáveis pelo patrimônio de Campo Grande.

Fundamentado neste fato, o juiz determinou que a estátua seja instalada em outro lugar sob pena de multa de R$ 100 mil caso a administração municipal descumpra a ordem.

O criador, o artista plástico Ique (ao fundo), e a criatura (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
O criador, o artista plástico Ique (ao fundo), e a criatura (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

Estátua - O cartunista e escultor campo-grandense Victor Henrique Woitschach, o Ique, entregou no dia 18 de abril a estátua em tamanho real de Manoel de Barros. 

A escultura tem 1,38 metro e 400 kg de bronze. Desde então, ela ficará guardada no Marco (Museu de Arte Contemporânea), mas o público não terá acesso.

Orçada em R$ 232 mil, a estátua doi encomendada pelo Governo do Estado e projetada para que as pessoas possam se sentar ao lado do poeta. A pretensão da administração estadual é da instalação marcar o início das comemorações dos 40 anos de Mato Grosso do Sul.

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