Relatora da ONU quer avaliar as principais questões dos povos indígenas em MS
A reunião entre a relatora especial das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas, Victoria Tauli-Corpuz, autoridades e representantes de comunidades indígenas do Estado, foi realizada a portas fechadas, em função de protocolo da ONU (Organização das Nações Unidas) nesta sexta-feira (11) em Campo Grande.
No entanto, a relatora e uma liderança indígena deram declaração à imprensa. "O governo federal me convidou oficialmente para vir conferir a situação dos povos indígenas e falar com os órgãos que atuam nesta questão", disse ela, lembrando que está há dois no Estado e visitou ontem acampamentos indígenas em Dourados, município distante 233 quilômetros da capital.
Além de representantes de, pelo menos, sete terras indígenas de quase todas as etnias de MS, participaram o Procurador do Ministério Público Federal, Emerson Kalif, os deputados estaduais João Grandão (PT) e Pedro Kemp (PT).
Também compareceram representantes do Coletivo Terra Vermelha e do CDDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos) Marçal de Souza.
Segundo o indígena da aldeia Cachoeirinha, Lindomar Terena, a relatora escutou as lideranças e disse que ainda neste mês fará um esboço de seu relatório.
"Foi uma reunião importante pois as lideranças indígenas relataram o que vivem os povos e foi fundamental terem conversado diretamente com ela sobre os problemas enfrentados. Esse encontro demonstra que os povos do Estado estão conseguindo se articular em um âmbito nacional, e mostrar para o mundo o descumprimento da lei feita pelo próprio País", conta.
Ainda segundo o terena, a principal denúncia relatada, foi a questão da não demarcação do território indígena. Além da impunidade existente sobre os constantes assassinatos contra os indígenas.
Visita - A relatora da ONU veio ao país para identificar e avaliar as principais questões que enfrentam os povos indígenas no país. Ela também acompanhou as principais recomendações feitas em 2008 pelo relator especial anterior.
“Enquanto a população indígena no Brasil é relativamente pequena, os desafios que ela enfrenta, no momento, são imensos. Espero que esta visita contribua para revelar algumas das preocupações e ajude na resolução de questões de longa data”, disse Tauli-Corpuz.
Relatório - Victoria Tauli-Corpuz, fará um relatório independente sobre a visita pelo País e na quinta-feira (17), e participa de uma coletiva de imprensa, na Casa da ONU em Brasília. O relatório será entregue com suas conclusões e recomendações ao governo brasileiro e ao Conselho de Direitos Humanos, em setembro de 2016.