Réus por morte de vereador serão processados individualmente
Juiz decidiu desmembrar processo sobre o crime
O juiz Aluízio Pereira dos Santos decidiu nesta tarde desmembrar o processo contra os três acusados de assassinarem o vereador de Alcinópolis Carlos Antônio Costa Carneiro, em crime cometido no dia 26 de outubro do ano passado. Desta forma, cada um dos três réus terá um processo separado sobre o crime.
Conforme o magistrado, o desmembramento tornará mais viável os procedimentos legais. Ele observou que se essa separação dos réus não fosse feita agora, certamente ocorreria mais à frente na instrução.
Nesta tarde foi concluída a instrução de Aparecido Souza Fernandes, de 34 anos, que pilotava a motocicleta usada pelo homem que atirou contra o vereador. Dos três acusados, ele é o único que teve todas as testemunhas ouvidas.
Durante o interrogatório de Aparecido, um elemento novo ao processo fez com que o Ministério Público pedisse vista. Conforme o réu, um ônibus quebrado na curva da avenida Afonso Pena que dá acesso à rua Brilhante impediu que ele visse Irineu Maciel, de 34 anos, atirar contra o vereador.
O MPE informou que irá solicitar às empresas de transporte coletivo urbano informações se isso realmente ocorreu no dia. Conforme o depoimento de Aparecido, várias pessoas estavam no local no momento dos disparos.
Para o promotor do caso, Douglas Oldergado, isso abre a perspectiva de novas testemunhas para o processo.
Quatro testemunhas de defesa e uma de acusação foram ouvidas nesta tarde e outras duas deverão prestar depoimento por carta precatória no dia 22 de fevereiro. Outra foi dispensada do depoimento.
Nos próximos quinze dias, a Promotoria deve conceder vista e apresentar as alegações finais do processo. Depois disso, a Defesa terá cinco dias para recorrer e o juiz mais cinco para proferir a decisão, se Aparecido irá a júri ou será absolvido.
Irineu e Valdemir Vansan, de 37 anos, apontado como o responsável pela contratação do crime de pistolagem, serão ouvidos no dia 1º de março.
Conforme o promotor, o prefeito Manuel Nunes (PR), apontado pela família como mandante do assassinato, não será interrogado por que os processos tratam da execução do crime. A suspeita de que ele seja o mandante é apurada pela Polícia, segundo o promotor.
Não sabia – Aparecido, que está no presídio de trânsito, contou que conheceu o atirador que matou o vereador em uma obra no bairro Vilas Boas sete meses antes do crime, e ambos trabalharam juntos até uma semana antes do assassinato.
Foi quando ele foi dispensado e foi fazer uma calçada perto da Júlio de Castilho. Ele detalha que na segunda-feira que antecedeu o homicídio trabalhou normalmente. Na terça, por volta de 7h30, recebeu uma ligação de Irineu pedindo para que o levasse para receber um dinheiro perto do hotel Vale Verde, local onde ocorreu o crime, às 10h40.
Devido à insistência, ele concordou com a condição de que o amigo daria R$ 15,00 para o combustível. Ele o buscou então em um campo de futebol no bairro Serra Azul e levou ao hotel.
Dez minutos depois de descer, Irineu voltou e disse que a pessoa que lhe devia não estava no local. Eles foram esperar em um bar perto dali. Durante esse tempo, disse Aparecido, o atirador não recebeu nem fez nenhuma ligação e ele não desconfiou do que se tratava o caso.
Depois ambos subiram na motocicleta e ele deixou Irineu a 20 metros do hotel e ficou aguardando. Foi quando o ônibus impediu que visse o outro atirar.
Quando Irineu voltou correndo gritando ‘sujou, sujou’, ambos foram embora.
Questionado pelo juiz se não estranhou, ele disse ter pensado que o colega havia se desentendido com o devedor. Durante a fuga, ambos foram presos em flagrante pela Polícia Militar que chegou a disparar para que parassem o veículo.
Preso na mesma cela que o autor do disparo, ele diz ter medo de Irineu que sequer toca no assunto, mesmo quando o pedreiro diz que está na cadeia por sua causa.
Testemunhas – As três testemunhas de defesa de Aparecido falaram sobre seu comportamento e o dia do crime, mas pouco acrescentaram à execução. O ajudante de pedreiro Fábio Araujo da Silva contou que o conhece há oito anos desde que trabalharam em um frigorífico, e que ele é pacato e trabalhador.
O mestre de obras Erasmo Luiz brito, que já foi patrão do réu, confirma que eles trabalharam juntos quando o serviço foi interrompido e Aparecido foi fazer uma calçada.
A versão dele é de que no dia do crime, Gilberto Erculano, que indicou Aparecido para fazer a calçada, ligou perguntado por que ele não tinha aparecido na obra. Já no depoimento de Gilberto, ele diz que o réu ligou às 9h30 avisando que foi ao trabalho, mas sairia mais cedo naquele dia.