Roubos consecutivos deixam taxistas inseguros com trabalho à noite
Dois assaltos a taxistas em menos de 24 horas preocupam os trabalhadores em Campo Grande. Ontem, uma mulher foi baleada ao ter o táxi roubado por ladrões. Temendo a violência, alguns deles não cumprem mais expediente no período noturno e outros só ficam de plantão por conta da obrigação com a empresa, como é o caso de Willian Paulo Silva, 31 anos.
Na mesma função há sete anos, ele soube por meio da imprensa e de amigos sobre os dois assaltos que vitimaram seus colegas entre às 22h de terça-feira (24) e 21h de ontem (25). “A gente trabalha com medo. Eu mesmo só fico até tarde, de madrugada, porque preciso cumprir a escala de plantão”, explicou.
No crime mais recente uma taxista de 48 de anos foi agredida com coronhadas e baleada na perna pelo assaltante, no Bairro Universitário. Ela foi socorrida e levada para a Santa Casa – o automóvel foi recuperado em seguida, no cruzamento da Avenida Gury Marques com a Rua Arlindo Lima. Niguém foi preso.
Na noite anterior, a outra vítima, um homem de 33 anos, pegou um passageiro em frente ao Carrefour do Shopping Campo Grande, com destino ao Jardim Mansur. O falso cliente anunciou o assalto enquanto desembarcava, usou a arma para bater no motorista e depois o trancou no porta-malas. O homem conseguiu abrir o compartimento e fugir. O carro foi encontrado no Universitário e o suspeito encontra-se foragido.
Willian trabalha em um ponto no cruzamento da Avenida Afonso Pena com a Rua 14 de Julho, no Centro. Ele diz que a madrugada, na maioria das vezes, é produtiva na mesma proporção em que é perigosa, por isso, como não tem outra opção, adota algumas medidas simples para tentar evitar possíveis prejuízos.
“Fico no ponto trancado dentro do carro, em alerta. Fecho o caixa várias vezes ao longo dia para não acumular dinheiro nas mãos e não correr o risco de perder tudo. É difícil saber quem são as pessoas que transportamos. Seguimos a intuição, a aparência, mas mesmo assim é tudo na sorte. A vezes alguém que a gente acredita que não vai dar problema, acaba trazendo confusão, e vice-versa”, comentou.
O taxista Ricardo Alexandre Bortoleto, 37 anos, deixou de trabalhar no expediente da noite a pedido da família, depois que viu um colega ser assaltado durante o período que fazia ponto no cruzamento da Rua Sergipe com a Avenida Mato Grosso, no Jardim dos Estados. Ele conhece a mulher baleada ontem. “Passageiros reclamam que falta táxi depois das 22h, mas não há o que fazer. Quem tem família precisa se precaver. Só fico na rua durante horário comercial”, explica.
Por outro lado, Alexandre diz que se houvesse maior efetividade na segurança pública, talvez voltasse a fazer plantão 24 horas. “Trabalhamos desprotegidos. Se houvesse mais policiais nas ruas durante as madrugadas, acredito que as coisas seriam bem melhores. Só fico depois do horário se eu tiver um dia muito ruim de movimento. Se não, volto para casa assim que puder”, completou.
Crimes – As autoridades apuram ligação entre os dois roubos aos taxistas na terça e na quarta-feira. A Polícia Militar, com base nas informações colhidas, acredita que seja o mesmo autor, já que as vítimas têm a mesma profissão, bem como o horário, a região de atuação (entorno do Bairro Universitário) e o fato de que os crimes foram cometidos por apenas uma pessoa armada. A Polícia Civil não descarta tal hipótese, mas alega que ainda cedo para atribuir autoria a único indivíduo.
Sejusp - Em nota, a Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) afirma que o Governo do Estado vem tomando as providências necessárias para o combate a todos os tipos de crimes, em especial, roubos, furtos e homicídios, entre elas, aumento da cota de combustíveis para as polícias, manutenção, revisão e consertos das viaturas e ações e operações de caráter preventivo/ostensivo e repressivas focadas nestes delitos, visando tirar de circulação os criminosos que reiteradamente agem na cidade.
Em paralelo estão sendo formados pela Polícia Militar mais de 830 soldados e pela Polícia Civil, mais de 150 investigadores, escrivães, peritos papiloscopistas, que começam a trabalhar já na segunda quinzena do mês de março, reforçando assim o policiamento em Campo Grande e em todo o Estado.