Santa Casa precisa emprestar medicamento para socorrer doentes
Com o estoque quase zerado de alguns materiais básicos, como gaze, sonda, soro, seringas, agulhas, material de desinfecção de leitos e medicamentos imprescindíveis, como antibióticos e anestésicos, a Santa Casa de Campo Grande está pedindo medicamentos emprestados para garantir que os mesmos não faltem para os pacientes, conforme foi repassado neste sábado (21) pela ABCG (Associação Beneficente de Campo Grande), que é a mantenedora do hospital.
O problema se agravou após ao atrasos no repasse da prefeitura de Campo Grande para o Hospital que já somam R$ 15,6 milhões. Isso impactou no pagamento dos fornecedores que acabaram suspendendo a entregas dos medicamentos.
“Nossos estoques estão zerados. A Santa Casa foi posta no vermelho devido ao atraso desses repasses”, diz o presidente da ABCG (Associação Beneficente) Wilson Teslenco. Ele acrescenta ainda que devido a falta de medicamentos muitos pacientes estão sendo prejudicados e há possibilidades de fechamento de leitos da UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
“Corremos o risco de fechamento parcial de 100% dos serviços prestados hoje pela Santa Casa, por conta das dificuldades de mantermos os atendimentos”, conta ele.
Teslenco conta ainda que os medicamentos que não estão em falta, há estoque para no máximo três dias, por isso as cirurgias foram afetadas, as eletivas, por exemplo, serão suspensas.
Os soros também estão em falta, conforme conta William Paiva, chefe de farmácia da Santa Casa. “A demanda diária é de 476 unidades de soro, mas nós só temos 179 unidades, então estamos de forma moderada, pois não vai er soro suficiente para atender todos os pacientes”.
No momento em que falava com a imprensa, William teve que, mais uma vez tentar conseguir um medicamento emprestado com os outros hospitais, tanto públicos como particulares. Dessa vez era para uma criança que está internada no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) e precisa de duas ampolas de Alprostadil, usado em pacientes cardíacos.
William ligou em todos os hospitais de Campo Grande e em alguns do interior do Estado, que poderiam ter o medicamento. Depois da maratona ele conseguiu apenas uma ampola com o Hospital Regional. “Todo dia é assim, à base do empréstimo”, questionado como fica o lado emocional, ele diz que quando não consegue o medicamento, o seu lado humano fala mais alto que o profissional. “É uma situação ruim, se a gente não consegue o medicamento o paciente pode até morrer”.
A maratona deve continuar para conseguir o medicamento, já que ainda precisa de uma ampola. O Alprostadil é caro e sempre foram os outros hospitais que pediam para a Santa Casa, e ele é só um dos exemplos da quantidade de medicamentos que está em falta no hospital.
“Já conseguimos doação até do Hospital Albert Einsten, em São Paulo. Precisávamos de um medicamento usado em pacientes transplantados para evitar a rejeição do órgão e só conseguimos com eles”, afirma.
De acordo com a chefe do serviço de controle hospitalar, Priscilla Alexandrino, com a falta tato de medicamentos, quanto dos produtos para fazer a limpeza dos leitos, o risco de infecção é grande. “Não tem como ocupar o leito, pois não podemos arriscar a segurança de outros pacientes”. Ela garante que os pacientes que já estão no hospital irão terminar o tratamento, porém , é difícil receber outros pacientes.