Santa Casa transfere 40 pacientes por dia para postos e até para o interior
Com o problema de superlotação do pronto-socorro agravado na última semana pelo fechamento do PAM (Pronto Atendimento Médico) do HU (Hospital Universitário), a Santa Casa começou a transferir cerca de 40 pacientes por dia para as UPAs (Unidade de Pronto Atendimento), postos de saúde e até para o interior do Estado.
De acordo com o presidente da Associação Beneficente de Campo Grande, que administra a instituição, Wilson Teslenco, o hospital amanheceu com 62 pacientes na espera de leitos. Do total, 13 estão na área vermelha – local onde ficam pacientes de risco, outros 25 no setor pediátrico e outros 24 na área pré-ortopédica esperando vagas para cirurgia.
“A falta de leitos na cidade cria uma situação onde a Santa Casa se transforma em um prolongamento de um CTI (Centro de Terapia Intensiva), pessoas que precisariam ficar 24 horas no pronto-socorro no máximo acabam ficando até seis dias”, explica Teslenco.
Os impactos da interdição do pronto-socorro do HU começaram a ser agravados nessa semana. Para diminuir a lotação, o hospital começou a transferir 20% dos pacientes das áreas verdes e azuis – setores de pacientes menos graves – para as UPAs e postos de saúde da cidade.
Em média, 40 pessoas são retiradas por dia da Santa Casa em veículo próprio ou ambulâncias para diminuir a lotação. Segundo a diretoria da instituição, seis pacientes tiveram que ser transferidos até para outra cidade para conseguir a cirurgia. “Nós transferidos seis pacientes para Aquidauana que é referência no Estado na área cirúrgica”, explica Teslenco.
Outra alternativa encontrada pelo hospital é realização de mutirões. Da noite de ontem (7) até a madrugada desta quinta-feira, sete equipes trabalharam em regime de urgência no centro cirúrgico e setor de ortopedia.
De acordo com o diretor técnico da Santa Casa, Luiz Alberto Hirok Kanamura, a maioria dos pacientes que aguarda por cirurgia é vítima de acidentes no trânsito. Vítimas com fraturas exposta e em estado grave são prioridade. Idosos com fraturas na bacia e no fêmur também são colocados em primeiro na fila de espera. “O nosso objetivo não é voltar a normalidade nesse momento, mas sim reduzir o agravamento da situação”, afirma Kanamura.
Os acidentes de trânsito são o principal problema enfrentado pela Santa Casa. De janeiro a junho deste ano, 2,983 mil pessoas foram encaminhadas para unidade vítimas de acidente, 2,118 se envolveram em acidente com motos. Em julho, 531 pessoas deram entrada do hospital e 389 estavam em motos.
Caos – Testemunha do caos na saúde, o chefe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), Luiz Antonio Tonhão, fez um desabado na noite de terça-feira (6) em sua página no Facebook. A situação estaria tão complicada, que ele afirmou que se alguém “precisar de respirador, está fú...”.
“Amigos, não fiquem doentes de precisar de hospital; hoje a coisa tá feia de um jeito que se o governador, o presidente da Assembleia ou algum milionário tiver um piripaque que venha a precisar de respirador, ele tá fú... Não há como colocar nem a foto do paciente nos hospitais, nem na rede pública, nem na rede particular”, escreveu no facebook.
O secretário municipal de Saúde, Ivandro Fonseca, foi procurado pelo Campo Grande News para falar sobre o caos no setor. No entanto, ele não atendeu as ligações nem retornou aos recados. Ele vem sendo procurado pela reportagem desde quarta-feira.