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Capital

Sem ajuda da PM, moradores recorrem a pai de suspeito para resolver furtos

Amanda Bogo | 01/05/2016 09:42
A Rua Javaperi, assim como as demais do bairro, não possui asfalto e beira a insegurança (Foto: Fernando Antunes)
A Rua Javaperi, assim como as demais do bairro, não possui asfalto e beira a insegurança (Foto: Fernando Antunes)

Uma onda de furtos já dura dois meses no Jardim Columbia. A situação chegou a tal ponto, que os moradores buscam solucionar o problema sozinhos. Eles reclamam que estão cansados e não conseguem ajuda nem da PM (Polícia Militar). Na região, as vítimas dizem saber quem é o responsável pelos crimes e foram até o pai do suspeito para tentar resolver a situação.

A conversa foi gravada (ouça no fim da matéria) e o áudio mostra que a cultura da repreensão com violência ainda é o que manda nesses casos.

Jardim Columbia é um bairro da periferia da Capital, próximo à saída para Cuiabá. Grande parte das ruas ainda é de terra batida, como é o caso da Rua Javaperi, onde dois furtos foram registrados em apenas uma semana. Dois quarteirões acima, uma casa foi invadida e, além de roupas, sapatos e perfumes, o ladrão levou carnes congeladas e comida da dispensa dos moradores.

Na noite do dia 21 deste mês, uma casa foi invadida e uma bicicleta foi levada de uma residência na Rua Javaperi. Uma mulher, que mora em frente a casa arrombada, diz que até na casa do sogro dela entraram e o criminoso levaram, inclusive, comida do local. Ela diz que no bairro todos apontam um adolescente de 14 anos como responsável.

Segundo ela, quando acionam a PM para tentar resolver o problema, as vítimas são informadas de que nada pode ser feito. “Até a família sabe que é o menino que está roubando. Quando a gente liga para a polícia, eles perguntam se algo de valor foi levado, senão não podem fazer nada. O que eles consideram que é de valor? Porque tudo que foi roubado tem um valor”, desabafou.

Cansados de buscar uma solução oficial, os moradores tentam resolver o problema por conta própria. Para impedir que o suspeito continue agindo, eles decidiram conversar diretamente com o pai do suspeito e gravar a conversa para apresentar à Polícia.

O Campo Grande News teve acesso ao áudio, onde algumas pessoas conversam sobre os crimes na região. Um homem, apontado como pai do garoto, afirma saber que o filho é o responsável pelos crimes. “Eu não gosto disso. É vergonha para mim. A gente é pai de família, eu acho assim, tem de agir certo e andar certo. Pra que fazer isso,roubar?”, lamenta.

Um outro homem chega a dizer ao pai que deveria ter repreendido o menor com surras para que ele não cometesse os crimes. “Eu só não mato por causa da mãe dele, porque é meu filho. Eu dei um soco no meio na cara dele. O vizinho falou para ele parar, senão ele ia acabar morto ou preso”, respondeu o pai.

Uma mulher então comenta sobre um rapaz que também cometia crimes no bairro e acabou em estado vegetativo após ser baleado em um acerto de contas com outros criminosos, e afirma temer que o mesmo aconteça com o garoto. “Aleijado? Eu prefiro que mate, eu não tenho dó não”, finalizou o pai.

A equipe do Campo Grande News tentou entrar em contato com a PM para saber se as ocorrências no Jardim Colúmbia são atendidas e se alguma medida está sendo tomada para que o problema seja resolvido, porém não conseguiu ser atendida.

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