Sem bloco na rua, quem compra fantasia jura que Carnaval será em casa
"Só pra não passar em branco" foi a justificativa dos poucos foliões para comprar fantasia neste sábado
A movimentação no bazar São Gonçalo na manhã deste sábado de Carnaval mostra que apesar de ser pequeno o número de foliões dispostos a se fantasiar para ficar em casa, tem quem não deixe o samba morrer.
Nos anos anteriores, as vendedoras não estariam à espera do próximo cliente e sim levando as cestas com itens escolhidos até o caixa. A contratação temporária que sempre foi prática do bazar para atender a demanda de Carnaval também ficou num passado anterior à pandemia.
Apesar do bazar estar todo decorado, ao ritmo de marchinhas e repleto de fantasias e adereços, a clientela era pequena. Proprietária do bazar, Rosane Aguni Metello, proprietária, de 58 anos, é enfática em dizer que a procura está bem menor. Quem leva fantasia são clientes que vão aproveitar para fazer festa em casa de Carnaval ou comemoração de aniversário.
"Estão tendo festas particulares, ontem e antes de ontem, as clientes que levaram é porque iam fazer festa à fantasia", explica Rosane.
Independentemente das vendas, a dona do bazar conta que gosta de Carnaval e que é tradição desde os tempos de juventude no Rádio Clube. "Acho que está difícil para todo mundo, ano passado a gente também não teve festa junina, que eu amo. É triste não pelas vendas, mas a situação em que a gente está de pandemia", comenta.
Estudante, Luís Fernando Guimarães Martins, de 17 anos, estava acompanhado de mais três amigas, todos escolhendo adereços para a festa de Carnaval restrita a 10 convidados que vão fazer hoje. "Vai ser em casa, eu costumava pular na rua, só que não tem como e eu respeito. Vamos ser só 10 pessoas", resume.
Há quem vá aproveitar o clima de Carnaval para apresentar a fantasia ao filho. Advogada, Evelin Freitas, de 35 anos, estava levando fantasia para todos de casa. "É o primeiro Carnaval do meu filho de 1 aninho, vou fantasiar em casa. Ele vai estar de super-homem, o pai de fantasma e eu de pirata, só pra gente registrar mesmo", diz.
Na onda da filha Maria Eduarda, a assistente administrativa Marien da Silva, de 42 anos, estava ajudando a menina a escolher uma cor de coroa. As duas foram ao bazar para compras de aviamentos, mas assim que Maria Eduarda viu as fantasias, pediu para se vestir.
"Vai em casa mesmo e só ela que vai brincar. Eu vim por outra coisa, mas chegou aqui e ela viu", fala a mãe. A menininha de 5 anos explica que gosta sim de Carnaval e escolheu a fantasia da princesa Aurora. "Estou levando roupa, coroa, varinha e confetes", mostra.
Estudante, Carolina Martins, de 18 anos, não lembra de ver o bazar em tempos de Carnaval estar tão tranquilo como neste sábado. "Normalmente isso aqui lota", compara. Apesar de não ter caído na folia ano passado e a última lembrança de bloco ter sido em 2019, a festa que vai fazer em casa hoje com os familiares merecia fantasia.
"Ah, estou levando uma sainha, não tô fazendo nada mesmo. Vai ser só pra gente de casa e para não passar em branco", descreve. Nem marchinha e playlist ela chegou a preparar. "Quem quiser ir fantasiado, vai, mas é coisa simples".