Sem coveiro, cemitério manda família esperar um dia ou fazer enterro sozinha
Mulher morreu ontem, mas Cemitério Cruzeiro queria fazer enterro só na quinta-feira
Sem coveiros suficientes no Cemitério Cruzeiro, em Campo Grande, filho teve de lutar para sepultar a mãe. Segundo ele, a “tortura” começou quando a administração informou que o enterro só poderia ocorrer dois dias após a morte ou se a família fizesse isso sozinha.
Geraldo Utinoi, de 60 anos, conta que sua irmã Mari Evani Utinoi, 65 anos, precisou realizar uma cirurgia no coração, mas acabou morrendo na tarde de ontem, vítima de complicações. Após o corpo ser liberado pela funerária, ele e o sobrinho foram até o Cemitério Cruzeiro para agendar o sepultamento, mas o local já estava fechado.
No início da manhã desta quarta-feira os dois retornaram ao cemitério, quando o velório de Mari já havia iniciado. Ao conversarem com a administradora, foram informados que não haviam coveiros suficientes para realizar o enterro.
“Falamos para ela que o enterro tinha que ser hoje, mas ela disse que não podia fazer nada além de agendar o enterro para amanhã, por não ter funcionários disponíveis. Depois de insistirmos, ela disse que a única coisa que poderia fazer era liberar o único coveiro que tinha, mas a gente teria que fazer todo o resto”, contou.
Depois de toda a negociação, foi garantido que o espaço seria aberto, mas os familiares teriam de auxiliar com o transporte do caixão e a mão de obra na hora de colocar o corpo na cova.
O irmão relata que além de se preocuparem com o tempo de duração do formol, ele receava prolongar o sofrimento de toda a família, assim como do pai que é idoso. “Se fosse uma família humilde que não questiona as coisas, ia aceitar isso calado e aceitar esse serviço de enterrar a pessoa que passou a noite velando, sendo que isso é um serviço da prefeitura”, disse.
Revoltado com o posicionamento do cemitério, Higor Utinoi, 35 anos, contou que se ofereceu para pagar por funcionários freelancers para que o enterro de sua mãe acontecesse ainda hoje. "Ficamos muito desestabilizados com essa situação. Para nós isso seria uma tortura além de perder um familiar ter que fazer o próprio suplemento", pontuou.
O filho, que é advogado, entrou em contato com o presidente da comissão funerária da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Através dele a família conseguiu falar com o responsável pela administração dos cemitérios municipais, que informou que iria enviar um coveiro do cemitério Santo Amaro para que o enterro ocorresse nesta tarde no Cruzeiro.
“Acho isso um absurdo, um total descaso, já que pagamos o terreno onde vai ser o sepultamento. Achamos um absurdo a forma que fomos tratados, sem empatia e respeito ao momento em que estávamos vivendo”, desabafou Higor.
Ao Campo Grande News, a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) informou que apesar da falta de funcionários, para cumprir a função de coveiros, o atendimento de nenhum cemitério foi comprometido.
"A Secretaria reforça que os sepultamentos devem ser agendados com antecedência para que tudo esteja pronto no momento do sepultamento e, para isso é importante que as funerárias preparem e priorizem, também com antecedência, toda a documentação, inclusive a apresentação do atestado de óbito, e que o horário do sepultamento seja comunicado à administração do cemitério também com antecedência", encerra a nota.
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