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Capital

Sem vagas em creches, mães ficam fora do mercado de trabalho

Dados mostram que em 2017 apenas 34% das crianças com até 3 anos estavam matriculadas em escolas públicas e particulares em todo País

Mirian Machado e Bruna Kaspary | 28/01/2019 06:48
Lucimara com a filha menor e um dos filhos que já estuda (Foto: Marina Pacheco)
Lucimara com a filha menor e um dos filhos que já estuda (Foto: Marina Pacheco)

A dificuldade para mulheres conseguirem trabalhar após o nascimento dos filhos é realidade em todo o País e situação poderia ser facilmente resolvida com o fim do defict de falta de vagas nas creches. Dados da ONG (Organização Não Governamental) Todos pela Educação mostram que em 2017 apenas 34% das crianças com até 3 anos estavam matriculadas em escolas públicas e particulares em todo o Brasil.

A Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2017 Educação, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), aponta que mais de 25% das crianças de Mato Grosso do Sul com idade entre 0 e 5 anos estão fora das creches por falta de vagas.

Mãe de cinco crianças, Lucimara Cristina de Arruda, 26 anos, vive atualmente com a ajuda da família. Ela mora sozinha com os filhos no Bairro Dom Antônio Barbosa, em Campo Grande, e antes trabalhava de diarista, mas com a chegada do filho mais novo, hoje com 1 ano e 4 meses, está sem trabalhar.

A dificuldade de fica ainda maior porque ela não consegue vaga na creche para o pequeno. As outras crianças, como são maiores que 4 anos, já estão estudando, mas com o bebê em casa não comsegue sair. “Não compensa contratar alguém para ficar com ele. O dinheiro que eu conseguir com as diárias servirá apenas para isso [babá]”, explica.

Creche inaugurada ano passo no Jardim Noroeste (Foto: Arquivo/Campo Grande News)
Creche inaugurada ano passo no Jardim Noroeste (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

Ela conta que até conseguiu uma vaga, mas como a unidade de educação infantil era muito longe não conseguiria levar o filho, já que ela que leva e busca as outras crianças na escola.

A situação da manicure Patrícia Ferreira, que tem três filhos e está gravida, não é muito diferente. Dois deles já estão na escola, mas até o momento não conseguiu vaga para a bebê de 2 anos. “Eu ligo lá na creche, vou pessoalmente, mas não consigo nada”, reclama.

“Normalmente minhas clientes vem até aqui em casa, o que ajuda bastante a ficar de olho na minha filha”, conta.

Assistência social - A assistente social, Hellen Prado Benevides Queiroz, que também é coordenadora do curso de Serviço Social da Uniderp, afirma que estamos vivendo uma situação crítica, sem creche e sem condições das mulheres trabalharem. “Sem acesso a rede pública universalizada de cuidados para crianças de até 3 anos, as trabalhadoras com filhos pequenos sofrem uma série de exclusões no mercado corporativo, o que prejudica a inserção e o desenvolvimento profissional feminino”, explica.

Ela ainda conta que a oferta de creches gratuitas e de qualidade está ligada ao desenvolvimento profissional, social e econômico do país. “É preciso ter creche pública de qualidade para todos. Assim, as crianças se desenvolvem melhor e as mães continuam suas trajetórias profissionais. Todo mundo sai ganhando: com mais mulheres trabalhando, a economia cresce”, impõe, afirmando ainda que esse problema atinge todas as camadas sociais, mas principalmente vem ser mais cruel com as mais pobres.

O artigo 54º do Estatuto da Criança e do Adolescente e o artigo 208º da Constituição Federal asseguram o atendimento em creche e em pré-escola às crianças de 0 a 6 anos de idade.

Poder Público - A Prefeitura Municipal de Campo Grande não informou o deficit de vagas nas Emeis (Escolas Municipais de Educação Infantil), por estar ainda em atendimento o período de matrículas e designações, mas afirmou que o município possui 15 obras em construção, sete delas previstas para serem entregues ainda este ano.

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