Sem vagas no Centro, motoristas usam locais de carga e descarga de produtos
Na Rua 14 de Julho, a atitude é causada pela falta de vagas no Campo Grande e alto fluxo de veículos
As placas sinalizam a exclusividade de vagas na Rua 14 de Julho, mas mesmo com o aviso, motoristas insistem em estacionar em locais impróprios, como, por exemplo, os de carga e descarga de mercadorias e embarque e desembarque de passageiros. Com a situação recorrente, quem precisa utilizar os pontos fica irritado com a permanência indevida dos condutores. Afinal, vale tudo por uma vaguinha? A resposta é não.
Há um ano sem estacionamento rotativo, os famosos chaveirinhos dos parquímetros, quem anda pelo Centro de Campo Grande de carro, se depara com pouca disponibilidade de vagas, uma vez que a maioria delas são ocupadas por funcionários do comércio que trabalham na área central.
André Luís Pereira é motorista de empresa de frigorífico e utiliza as vagas de carga e descarga para entregar a mercadoria no Centro. À reportagem, ele comentou que a situação é vivida diariamente. “Eles [motoristas] colocam muito na nossa vaga, eu fico dando volta até eles saírem e eu conseguir encostar”.
O transtorno atrapalha a rotina de trabalho de André, que precisa estacionar longe do local de destino por falta da vaga exclusiva. “Às vezes, tenho que parar bem longe de onde eu preciso entregar, aí vou com as coisas no carrinho porque na frente não tem vaga. Isso sempre teve, em data de festa é pior ainda”, completa.
Sirlei Marioti, de 50 anos, já cansou de alertar clientes sobre as multas que são aplicadas aos motoristas que não respeitam a sinalização, porém, segundo a gerente da loja de cosméticos na 14 de Julho, eles não se importam e continuam estacionando.
Percebo que as pessoas querem estacionar de qualquer maneira e acabam recebendo multa. Às vezes, a gente avisa que vai levar multa e mesmo assim deixa. Eu sou a favor do chaveirinho porque aí todo mundo pode estacionar. Para o cliente é melhor, eles querem deixar perto, a gente até tem convênio com estacionamento, mas eles insistem em estacionar aqui na frente e levam multa”, relata Sirlei.
A mulher acrescentou que a Agetran (Agência Municipal de Trânsito) está sempre no local multando motoristas por estacionar em locais impróprios. "Todo dia são umas 10 a 15 multas, eles sempre estão por aqui".
Outro lado da moeda - Arlei Ferreira Lino, 42 anos, trabalha há cinco como motorista de aplicativo. A categoria sofre com a falta de vagas no Centro e o uso dos locais destinados ao embarque e desembarque de passageiros. O problema acaba forçando os motoristas a utilizarem as vagas de carga e descarga de mercadorias, o que gera um "ciclo de problemas".
“Nós passamos por situações adversas em Campo Grande. Acontece de desembarcarmos em local de carga e descarga, porque o local apropriado de embarque e desembarque estão ocupadas as vagas, é um ciclo”.
O motorista disse que os passageiros pedem para ele parar em outros pontos e evitar a rua central. "Os passageiros pedem pra estacionar em outros lugares, porque fica ruim parar no centro, é complicado", finaliza.
A reportagem entrou em contato com a Agetran, mas até a publicação desta matéria não obteve resposta.
Parquímetros - O contrato com a empresa Metro Park, conhecida como Flexpark, responsável pelo estacionamento rotativo no centro, foi rescindido pela Prefeitura de Campo Grande em março de 2022.
O serviço foi suspenso 20 anos após a instalação do sistema e segue sem licitação para que uma nova empresa assuma o trabalho. Procurada pelo Campo Grande News, a Prefeitura da Capital informou que a licitação para escolha de uma nova empresa que assumirá o serviço de parquímetro está em fase de modelagem econômico-financeira.