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Capital

Shopping vira fantasma e lojistas tiram do bolso para não perder direitos

Lidiane Kober | 28/09/2013 11:10
De shopping, pouco restou diante da falta de público e do abandono dos lojistas (Fotos: Cleber Gellio)
De shopping, pouco restou diante da falta de público e do abandono dos lojistas (Fotos: Cleber Gellio)

Dois anos depois de abrir as portas, o Shopping 26 de Agosto não caiu no gosto do campo-grandense e, sem público e abandonado, virou fantasma em pleno centro da Capital. Das 320 lojas iniciais, cerca de 20 se sustam no local com medo de perder o dinheiro investido por quebra de contrato. Sem clientes, os sobreviventes são obrigados a colocar a mão no bolso para manter os estabelecimentos abertos.

Com o sonho de crescer como lojista, Alex Naccially, 19 anos, apostou na ideia do Grupo Saad e investiu mais de R$ 30 mil em um espaço no shopping. Hoje, ele precisa tirar dinheiro da banca no Camelódramo para sustentar o outro empreendimento. “O movimento aqui é péssimo”, explicou.

Para piorar a situação, ele precisa desembolsar mensalmente R$ 1.070,00 com condomínio, IPTU e aluguel do espaço, apesar de ter pago pelo ponto. “Entrei com um processo para anular esse contrato”, contou o lojista, iludido com a promessa de movimento diário de 30 mil pessoas pelo shopping.

Funcionária de uma loja de bolsas, Bia Barbosa, 35 anos, relatou o drama da patroa. “Trabalho na casa dela, mas como precisou demitir o funcionário do comércio, venho duas vezes por semana ajudar aqui”, relatou. Segundo ela, a proprietária do espaço também tira dinheiro de outros investimentos para manter o local de portas abertas.

“Tem dias que não entra nenhum centavo”, contou. “Ela só não desmonta a estande, por medo de perder o dinheiro investido”, emendou. A esperança, relatam os comerciantes, é no sentido de o proprietário Rubens Saad conseguir vender o prédio e indenizar os sobreviventes.

Com medo de causar mal-estar com o dono do espaço, uma comerciante pediu para não ser identificada e revelou que “há uma semana não entra nenhum centavo na loja”. Ela investiu R$ 100 mil em duas estandes, dinheiro que economizou após trabalhar 10 anos no exterior.

O plano era trabalhar em uma e alugar a outra, mas o sonho não se realizou. Agora, ela, como os outros sobreviventes, vive na esperança de uma indenização. Enquanto isso, faz economia com tudo o que pode. “Trago o almoço de casa para não gastar mais”, exemplificou.

Funcionário de outra loja, David Portela de Almeida, 16 anos, disse que a estratégia para trazer um pouco de movimento ao comércio é mandar os clientes do Camelódromo ao espaço. “Como aqui tem mais produtos, sugerimos aos consumidores de lá conhecer a loja daqui”, disse.

Fracasso - Para os comerciantes, a linha popular, com produtos importados da China, espalhados em estandes não caiu no gosto dos campo-grandenses. Aliado a isso, eles creditam o fracasso ao abandono do espaço.

Os banheiros chegaram a ser fechados e, depois de reabertos, vivem sujos. Os estandes da administração também não funcionam e seguranças não são vistos pelo local. Abandonadas, lojas são cobertas por poeira e as escadas rolantes foram desligadas.

Venda – No final de março, Rubens Saad anunciou a venda do prédio por R$ 50 milhões. Ele espera atrair uma rede de supermercado para o espaço. “Torço para que seja um grande supermercado”, afirmou, à época, Rubens Saad. Para ele, o ideal seria manter as lojas no pavimento superior e o supermercado no térreo.

Com investimento de R$ 25 milhões, o shopping apostou na linha popular, com produtos importados da China. O espaço também abriga o Posto de Identificação Central de Campo Grande e uma agência dos Correios. Na inauguração, em setembro de 2011, 320 das 550 lojas funcionavam no local.

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