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Capital

Superlotados, cemitérios públicos da Capital só abrem vagas com exumações

Há 94 mil pessoas enterradas neles e, pelo menos, 120 enterros todos os meses

Lucia Morel | 19/02/2022 14:56
Antigo, cemitério Santo Amaro é um dos que mantinha lotes grandes para sepultamento. (Foto: Kísie Ainoã)
Antigo, cemitério Santo Amaro é um dos que mantinha lotes grandes para sepultamento. (Foto: Kísie Ainoã)

Superlotados, o que garante novas vagas para sepultamentos nos três cemitérios públicos de Campo Grande são as exumações. Há 94 mil pessoas enterradas neles e pelo menos 120 enterros todos os meses, em média.

Esse último número pode variar e segundo o gestor municipal dos cemitérios de Campo Grande, Marcello Fonseca, a família precisa provar que é de baixa renda para poder ter direito a alguma das vagas abertas com exumação ou então, ter lote comprado no local.

Caso a família do morto não se encaixe em nenhuma dessas situações, a saída são as funerárias particulares. “A exumação de adultos é feita depois de cinco anos do sepultamento e de crianças, que faleceram com até 2 anos de idade, ocorre depois de uns três anos do enterro”, explica Marcello.

Lotações afetam todos os cemitérios públicos (Foto: Kisie Ainoã)
Lotações afetam todos os cemitérios públicos (Foto: Kisie Ainoã)

Por mês, também na média, são cerca de 20 desenterros nos três cemitérios, número abaixo dos sepultamentos realizados. O gestor afirma, no entanto, que muitos dos enterros feitos também são em lotes já adquiridos pela família. “Há enterros de duas a três pessoas da mesma família na mesma gaveta”, conta.

Para que a exumação ocorra, a prefeitura publica no Diário Oficial o nome da pessoa a ser retirada da sepultura e a partir daí, a família tem 30 dias para se manifestar sobre a vontade de adquirir o lote. O valor para compra é de R$ 200,00. Passados os 30 dias, caso não haja resposta, os corpos são retirados, conforme a demanda de enterros, e levados para os ossuários de cada cemitério.

Sepultamento social – Caso a família não tenha lote adquirido em um dos três cemitérios – Santo Antônio, Santo Amaro e Cruzeiro – a única forma de enterrar familiar neles é comprovar ser baixa renda e um dos critérios usados durante a pandemia, por exemplo, era de a pessoa ter recebido o auxílio emergencial.

Enterros recentes ocupam espaços menores no Santo Amaro. (Foto: Kísie Ainoã)
Enterros recentes ocupam espaços menores no Santo Amaro. (Foto: Kísie Ainoã)

“Os lotes disponíveis nós estamos canalizando pro social. A economia deu uma retração e muitos ficaram sem renda ou emprego fixo. Com isso, se a pessoa teve direito ao auxílio emergencial, pode ser atendida. Tem que comprovar ser carente financeiramente”, diz Marcello.

Interior – Sobre a superlotação dos cemitérios municipais “empurrar” a população para os do interior, como falado na quinta-feira (17), na Câmara de Vereadores, o gestor disse desconhecer a prática, mas afirmou que, caso ocorra, pode ser devido aos custos dos cemitérios particulares, que acabam pesando no bolso.

“Não temos notícia disso, até porque Campo Grande tem uma boa oferta de cemitérios particulares e funerárias e geralmente eles têm planos que servem a todas as camadas sociais. Mas se ocorreu, representou menos de 1% de todos os sepultamentos e muitas vezes, por causa do custo mais alto”, comentou.

Vereadores - O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), afirmou que vai abrir uma comissão especial para debater a falta de vagas em cemitérios públicos.

Ele citou que recebeu relatos de campo-grandenses que estão sendo sepultados até em municípios vizinhos. “Não tem mais local para enterrar pessoas carentes. Ou você paga uma pax ou vai enterrar em Jaraguari ou Terenos”, declarou.

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