Suposta "pivô de divórcio" de pastor nega romance e diz que vídeo é "político"
Membro da Igreja Assembleia de Deus Missões, ela diz que foi perseguida pela ex do pastor e pelo filho dele
Tida como “pivô do divórcio” na cúpula da Igreja Assembleia de Deus Missões (ADM), em Campo Grande, a mulher de 39 anos nega que tenha relacionamento com o líder da instituição, pastor Antônio Dionizio da Silva, 70 anos, e diz que as imagens que causaram a polêmica foram montadas, editadas e retiradas de contexto.
“Estou com consciência tranquila perante Deus. Envergonhada? Sim, você é exposto a situações que você nunca imaginou na vida, taxado de culpa de uma coisa que não fez”, disse a mulher, ao Campo Grande News e que não quis ter seu nome divulgado.
A suposta relação saiu da discussão privada e familiar, ganhando repercussão depois da divulgação de vídeo em que o pastor aparece em um apartamento, com uma mulher, e lhe aplica sequência de sete tapas na bunda, intimidade que revoltou fieis, por conta dos boatos de ela seria a responsável pela separação de Dionizio e da esposa, também da liderança da ADM, após 43 anos de casamento.
“Isso é algo tão grosseiro, tão arquitetado, é guerra de poder política, simplesmente isso”, disse a mulher. Ela nega qualquer envolvimento com o pastor.
O componente político da briga familiar é alimentado pelo fato do pastor, líder da ADM em Campo Grande, ser pai do ex-deputado federal, ex-vereador e candidato à Câmara Municipal, Elizeu Dionizio (MDB).
Segundo ela, Elizeu Dionizio teria ficado contrariado pelo fato da igreja e a alta cúpula apoiar Junior Longo (PSDB) desde 2018, esteio que se mantém atualmente, na candidatura à reeleição do tucano. O pai do candidato, Elias Longo também faz parte da diretoria da ADM.
Retorno - A mulher conta que era membro da igreja e retomou a relação com a Assembleia de Deus Missões no fim de 2016, depois de concluir faculdade. Antes disso, havia trancado o curso e trabalhado com eventos de música sertaneja.
Segundo ela, começou a ser perseguida pela esposa do pastor a partir de outubro de 2016, depois que acompanhou caravana da igreja a viagem para Israel e que se estendeu por países da Europa, como Portugal e Itália. Na ocasião, diz que foi para assessorar o grupo, fazendo fotos e vídeos da excursão.
“Não tinha tirado nenhuma foto durante a viagem, no fim, em Roma, falaram para eu tirar com o pastor, todo mundo estava tirando”, conta. Esta foto foi postada por ela, em sua rede social, em março do ano seguinte. “Pronto, já virei ‘a nova amante’”, diz.
Ela contou à reportagem que, ao voltar para a igreja, foi alertada. “Quando cheguei, depois de dias, já vieram umas pessoas dizendo: ‘não se assuste se daqui uns dias sair conversa de que você é amante do pastor”. Eu dei risada”, disse.
A responsável pela perseguição, segundo ela, é ex-esposa do pastor e mãe do ex-vereador. A irmã Beth, segundo a mulher, já teve outros alvos anteriormente, sempre com mesma acusação feita contra quem se aproximasse do marido. O novo alvo era a mulher, então com 36 anos, que entrou para assessorar a igreja e revitalizar as redes sociais do pastor.
Em uma das ocasiões, a irmã teria se dirigido a um funcionário da igreja e perguntado “Cadê a endemoniada?”, referindo-se a ela. A mulher também responsabiliza a ex do pastor de forjar conversa de WhatsApp para comprovar o relacionamento extraconjugal do marido. O fato teria sido descoberto depois da confissão da participação de funcionário, que foi despedido, sendo o caso resolvido internamente.
Foi depois dessa situação que a mulher resolveu pedir demissão do cargo que ocupava na igreja, mas, antes, diz que tentou conversar com a irmã Beth, sendo dissuadida da ideia por outras integrantes. “Me falaram que ela ia passar por cima de mim como trator”.
Segundo ela, não deixou de frequentar a igreja. “
Eu não vou deixar de professar minha fé por causa de gente doente, de gente louca, de gente sem noção, não sou baseada nisso, eu baseio minha vida em Deus”.
Vídeo – as imagens que causaram revolta entre os fieis da igreja foram captadas durante um jantar realizado há uma semana e, segundo a mulher, editadas para parecer que os tapas aconteceram. Segundo ela, material teria sido encaminhado para perícia e vai atestar que houve montagem. Ela não esclareceu se essa perícia foi contratada pela igreja ou faz parte de alguma outra investigação.
Segundo ela, naquela noite, o pastor convidou vários fieis para jantar. Na ocasião, contou a ela que se reuniu com ministério da igreja alguns dias antes e disse ter a pretensão de se casar novamente e que a informação, de alguma forma, poderia afetá-la, com base nos boatos anteriores.
“Naquela imagem, era a mão dele na cintura, na hora que ele abaixa a mão, eu saio, aí foi feita a montagem”, afirma. “Ele nunca me desrespeitou”.
"Frágeis" – o ex-deputado Elizeu Dionizio rebateu as acusações contra ele e a mãe e diz que a informação que tem é que o “relacionamento desta pessoa com meu pai é atípico”.
Dionizio diz que não existiu qualquer perseguição por parte da mãe dele contra a mulher e que os argumentos são frágeis. Ele diz que Elizabeth foi casada com o pai por 43 anos e ajudou a construir o ministério. “Teve participação efetiva, sempre; é só questionar as irmãs sobre a postura da minha mãe”, disse. “Não vou nem gastar meu tempo, pois a maior justificativa é a história”.
O ex-vereador também nega que o afastamento da diretoria da igreja, ocorrido há 1 ano e 8 meses, tivesse motivação política. Segundo ele, ocorreu depois de saber da relação extraconjugal do pai e que ela teria sido motivo da separação. “Minha bandeira é a família, me afastei para não brigar”. Ter apoio do pai, nesse contexto, “seria despropósito, ruim”.
Dionizio diz que ficou sabendo do comunicado do pai ao ministério sobre o casamento, mas que o pastor teria dito que estava com a mulher que aparece nas imagens há 7 meses e não há 4 anos, como acredita a família. “Ele se equivocou com a data, onde há fumaça, há fogo”.
O filho defende o afastamento do pai da liderança da igreja. “É grande vexame da postura de líder, mesmo vendo repercussão da igreja, não pediu afastamento, tudo isso para gente é triste, é vexatório”. Hoje, decisão da ComadeMS (Convenção das Assembleias de Deus no Estado de Mato Grosso do Sul) afastou o pastor Antônio Dionizio da presidência da entidade que administra os templos em todo o Estado.
O Campo Grande News tentou falar com o pastor Antônio Dionizio, mas ele não atendeu às ligações e não respondeu às mensagens enviadas pelo WhatsApp.