Tempo entre vida e morte para Luciano foi de 40 segundos, indica investigação
Ladrões pretendiam vender carro por R$ 12 mil, mas afirma ter desistido e abandonado
Dezoito minutos. Foi o tempo entre o que seria a última corrida do dia e a morte, com um tiro na cabeça, de Luciano Barbosa, 44 anos, taxista vítima de latrocínio no sábado (25) em Campo Grande. O corpo dele foi encontrado por volta das 10h30 de domingo, no mato à beira da BR-262, na região do Indubrasil, depois de ficar desaparecido desde a noite.
A execução, em si, durou 40 segundos, segundo o trabalho de investigação da Defurv (Delegacia Especializada de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos), responsável pelo caso.
Duas mulheres, de Rayara Laura da Silva, de 19 anos, e Stefanie Paula Prado de Oliveira, de 21 anos, e um adolescente de 17 anos foram apontados como responsáveis pelo crime. O depoimento dos envolvidos revelou que já haviam negociado o carro para entrega a um receptador, em Sidrolândia, que por sua vez levaria ao Paraguai. Receberiam R$ 12 mil, disseram.
Porém, segundo alegaram, desistiram da empreitada criminosa, abandonaram o carro, um Volkswagen Virtus, com as chaves no contato, no Bairro Guanandi. A partir daí, outras pessoas andaram no veículo e o deixaram no Santa Emília, onde foi achado domingo por volta das 8h, sem os quatro pneus. Há indícios, de fato, de uso por terceiros, que serão investigados,segundo a Polícia Civil.
CPF de outro - Um rapaz de 24 anos chegou a ser tratado como o quarto suspeito, mas a apuração indica que teve o CPF usado pelo trio para registro no aplicativo no qual foi solicitada a corrida, sem saber. Ele é “ficante” da jovem de 19 anos e chegou a morar na mesma casa, mas não estava vivendo mais lá.
O delegado responsável pelo caso, Pablo Farias, informou nesta manhã que os levantamentos feitos até agora sugerem que o crime foi premeditado pelo adolescente de 17 anos, pela amiga Stefanie e pela namorada, Rayara. Conforme o trabalho da polícia, o trio decidiu fazer assaltos “aleatórios” no sábado à noite e acabaram tendo a “ideia” de roubar um carro.
Pediram, então, a corrida do Shopping Campo Grande até o Jardim Carioca. Stefanie e o adolescente são o casal que pediu a corrida. Como estavam sem o aplicativo disponível, segundo contaram, solicitaram que Stefanie fizesse isso. Ela estava na casa divida pelo trio, no bairro Tiradentes. Conforme o delegado, não estava no carro, mas sabia de tudo, e dava suporte ao casal.
Com ajuda de imagens cedidas por “empresas e pessoas”, segundo o delegado, foi possível traçar o caminho feito. A corrida começa no shopping Campo Grande, às 23h40, e termina no Jardim Carioca, às 23h58. O carro para, fica 40 segundos ali, e depois é feita uma rotatória e o Vírtus retorna.
O tempo de parada, levantou a polícia, é quando ocorre a execução. “Foi muito rápido”, define o delegado. O depoimentos dos ladrões diz que eles não pretendiam matar a vítima, mas houve “reação” quando o assalto foi anunciado.
O motorista estava ao volante, a jovem no banco do passageiro e o adolescente no banco de trás. É ele quem atira.
Liberado em março de unidade educacional de internação e com passagens por atos infracionais análogos a roubo, maus-tratos a criança, porte ilegal de arma e receptação, o assaltante tem ficha longa apesar de tão jovem. As mulheres não têm registros anteriores.
Provas – Depois de os investigadores localizarem os envolvidos, por meio da chamada ao aplicativo encontrado no celular de Stefanie, os quatro jovens foram levados para depor na delegacia, inclusive o que teve o CPF usado sem saber.
Enquanto isso, em apoio à ação, o Batalhão de Choque da Polícia Militar foi até a casa onde eles viviam juntos, encontrou a arma, um revólver calibre 38, quatro munições e ainda uma cápsula deflagrada. Acharam, também, o celular da vítima.
Diante disso, as duas mulheres foram presas em flagrante e o adolescente apreendido. Elas vão ficar na Defurv e ele foi encaminhado para a Deaij (Delegacia de Atendimento à Infância e Juventude), que cuida de atos ilícitos cometidos por menores de idade.