Terreno vira lixão ao ar livre e vizinhança reclama de ratos e queimadas
No Aero Rancho, lote é visitado diariamente por caminhões que despejam pneus e outros resíduos
Nas primeiras horas da manhã, moradores do Bairro Jardim Aero Rancho acordaram com a fumaça preta que vinha de um terreno baldio. No encontro da Rua Tumbérgia com Gerbera e Prímula, o lote virou lixão a céu aberto e motivo de reclamação da vizinhança.
O fogo começou por volta das 6h e só teve fim duas horas depois. A queimada de pneus ocorre com frequência, assim como a de fios elétricos. Sofás, vasos sanitários, armários, paletes de madeira, telhas, papelão, tijolos, galhos, televisores e lixo doméstico são descartados diariamente no lote de uma quadra.
Hoje, enquanto estava no local, a equipe de reportagem flagrou um motociclista despejando uma carreta cheia de pneus. Caminhões também batem ponto no endereço para fazer o mesmo diariamente. É o que relata Gaspar Cinturião, de 28 anos. “Muitos vêm de caminhão. Agora não tem ninguém, mas depois das 11h começa a chegar todo mundo para jogar lixo”, diz.
O morador limpava o terreno, porém desistiu ao ver que horas depois o terreno já estava tomado pelo lixo. Diante do cenário, Gaspar comenta que era melhor quando o endereço servia de ocupação. “Preferia quando tinha a favela do que a isso aí, porque era mais limpinho. Isso aí tem que deixar levar, eu já desisti. Antes limpava direto e não resolvia nada”, fala.
Lucélia Batista, de 45 anos, reclama que mesmo com a coleta de resíduos as pessoas insistem em despejar lixo doméstico na área. “Eles continuam descartando de noite, dia e vai indo em qualquer horário. Isso aí é só Jesus na causa”, desabafa.
Letícia Batista, de 42 anos, é coordenadora do projeto ‘Sal da terra, luz do mundo’ que fica na mesma rua da quadra usada como depósito de lixo. Há três anos, ela fez reivindicação na prefeitura para usar o terreno como extensão do projeto e criar uma horta comunitária, porém não conseguiu a liberação.
Ela é mais uma moradora resignada com a situação que parece não ter solução. “Tem um monte de pneu que jogam, eles estão vendo o monte de gente que está morrendo (de dengue) e continuam jogando. Isso daqui vai ser pior que aterro sanitário”, afirma.
Com o amontoado de lixo, a coordenadora expõe que as casas estão sendo invadidas por ratos. “Quando coloca fogo é pior porque eles fogem do fogo e correm pras casas”, comenta.
Até quem lucra com o descarte de lixo não deixa de demonstrar preocupação. Catador de reciclagem, Luan Cipriano, de 28 anos, enche o carrinho duas vezes com plásticos, papelões e metais que encontra no terreno. Por dia, ele lucra R$ 200 só com o que retira dali.
“Só venho aqui porque sei que vou encher o carrinho. Toda vez que passo ele já fica pela metade. Eu desço para outros locais e quando volto já dá pra encher outro carrinho só aqui”, conta.
Morador do Bairro Dom Antônio Barbosa, ele faz o trajeto de um endereço a outro de segunda a sexta. “Consigo encher em um dia bom até três carrinhos”, destaca. Mesmo tirando um bom dinheiro, o catador revela que nem sempre a área estava suja como agora.
“Isso daí pode dar até dengue porque tem vários pneus. Antes aqui tinha mais recicláveis do que sujeira, dava até para entrar com o carrinho e ficar com ele lá no meio”, conta.
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