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Capital

Tia pede justiça após morte por negligência: "Fiquei revoltada"

Despedida de mulher que morreu após duas horas esperando atendimento acontece na manhã desta quinta-feira

Por Dayene Paz e Antonio Bispo | 25/01/2024 09:48
Marly enquanto conversava com equipe de reportagem na frente da capela Nipo. (Foto: Henrique Kawaminami)
Marly enquanto conversava com equipe de reportagem na frente da capela Nipo. (Foto: Henrique Kawaminami)

Familiares e amigos se despedem, na manhã desta quinta-feira (25), de Marcelly Marcia Franca Almeida, de 33 anos, que morreu após passar mal e esperar duas horas por atendimento médico na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino, em Campo Grande. A tia, que aparece em um vídeo reclamando da demora, desabafou. "Fiquei revoltada".

Marly Lopes conversou com a reportagem do Campo Grande News durante o velório da sobrinha, que acontece na capela da Funerária Nipo Brasileira, localizada na Rua 13 de Maio, no Centro de Campo Grande. Indignada, ela diz que espera por justiça e questiona o atendimento. "Hoje, se você for na UPA Coronel Antonino diz que tem 48 profissionais à disposição, em caráter de emergência. Porque antes eles não arrumaram?".

"Foi preciso a minha sobrinha morrer para que melhorassem? Infelizmente, ela foi um exemplo para que as coisas pudessem mudar e acordar os governantes. Alguém teve que morrer e uma família sofrer para que outras não sofram", completa.

Familiares e amigos em velório de Marcelly. (Foto: Henrique Kawaminami)
Familiares e amigos em velório de Marcelly. (Foto: Henrique Kawaminami)

À reportagem, Marly conta que também já sofreu descaso na unidade, quando deu entrada com o marido infartando, no dia 27 de novembro do ano passado. "Eu tive que entrar e sair correndo gritando que meu marido já tinha passado pela triagem há muito tempo. Não tinha muita gente no saguão, não se via nem enfermeiro e nem ,movimento. Eu comecei a abrir as portas e gritar. As enfermeiras estavam dormindo nas macas e o médico estava jogando paciência", lembra.

Foi quando o homem foi atendido, já em estado grave. "Me informaram que não tinha ambulância disponível naquele momento. Então tive que pagar R$ 450 para que uma ambulância particular levasse ele para a Santa Casa. Se não fosse isso meu marido tinha morrido", lamenta.

Uma amiga de Marcelly também conversou com a reportagem. Rosely Cavalheiro de Ameida lembrou dos momentos e dos cuidados que Marcelly tinha com as crianças no Cotolengo, onde atuava como assistente social. "A Marcelly era uma pessoa que tinha muito amor, fazia tudo pelas crianças e pelas mães".

Rosely durante entrevista na frente de capela. (Foto: Henrique Kawaminami)
Rosely durante entrevista na frente de capela. (Foto: Henrique Kawaminami)

Rosely também relata ter passado dificuldades no atendimento na mesma unidade de saúde, quando chegou com o filho "quase morto" nos braços. "Queriam fazer a triagem e pediram que eu esperasse por atendimento. Se esperasse, poderia ser fatal. Eles sempre têm razão, nunca é negligência. Às vezes a gente não tem voz, mas hoje eu creio que pela Marcelly nós vamos ter voz, por ela, porque ela precisava de um atendimento e foi negado".

O marido de Marcelly, Thiago Lopes Souza, reafirmou que os funcionários não deram a devida atenção mesmo ela passando mal. "Mais de duas horas esperando, sem ser atendida. Os funcionários não estavam nem aí para ela, mesmo falando que estava passando mal", descreve. O casal tem duas filhas, de 11 e 15 anos. "Como as minhas filhas vão ficar sem mãe?", lamentou o homem.

O sepultamento de Marcelly acontece às 10h30, no cemitério Jardim da Paz, na Capital.

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