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Capital

Incrédulos com morte em UPA, colegas se lembram do “jeitinho único” de Marcelly

No trabalho, assistente social era conhecida como profissional acolhedora e por nunca deixar pacientes na mão

Por Anahi Zurutuza e Ana Beatriz Rodrigues | 24/01/2024 14:51
Valdeci Marcolino, padre e dirigente da entidade assistencial onde Marcelly trabalhava, durante entrevista (Foto: Ana Beatriz Rodrigues)
Valdeci Marcolino, padre e dirigente da entidade assistencial onde Marcelly trabalhava, durante entrevista (Foto: Ana Beatriz Rodrigues)

Ainda sem acreditar que Marcelly Marcia Franca Almeida partiu aos 33 anos, colegas de trabalho da assistente social estavam prontos para velório, na sede do Cotolengo, na tarde desta quarta-feira (24), quando foram surpreendidos com a notícia que a despedida teve de ser adiada. Mas, enquanto tentam processar o luto, funcionários da entidade assistencial não economizam nos elogios para descrever a colega.

A assistente social era considerada funcionária exemplar pelo diretor da instituição que atende pessoas com deficiências, padre Valdeci Marcolino. “Alegre e disposta a fazer tudo para todos. Perdi uma grande profissional, um braço direito do Cotolengo, uma pessoa incrível e que vai deixar um vazio muito grande. Ficam as perguntas: como e por quê?”, questiona, bastante emocionado.

Mesa de trabalho de Marcelly vazia (Foto: Ana Beatriz Rodrigues)
Mesa de trabalho de Marcelly vazia (Foto: Ana Beatriz Rodrigues)

Recepcionista da entidade e responsável pela agenda de Marcelly, assim como pela marcação de consultas médicas e outros atendimentos dos pacientes, Mylenna da Cruz, 20 anos, lembra que a assistente social quase sempre conseguia resolver todas as demandas dos assistidos. “Difícil é achar um adjetivo para descrever a Marcelly. Tudo de bom ela tinha: simpática, amiga, acolhedora. Sempre dava um jeitinho de encaixar pacientes. Quando ela pedia para os médicos atenderam um ou dois pacientes a mais naquele dia, eles não diziam não”.

Rodolfo Cabrera, outro colega de trabalho, lembra que todos estavam em reunião na tarde desta terça-feira (23), quando foram informados pela outra assistente social da instituição que Marcelly havia morrido. “Ficamos em choque”.

Ele se lembra de que a profissional de 33 anos sentiu-se mal na sexta-feira passada e foi embora mais cedo. Faltou ao trabalho na segunda-feira e também nesta terça, quando começou a ter dores do peito.

Havia a suspeita que Marcelly estivesse com dengue, mas ninguém imaginava o pior. Ela planejava e estava animada para comemorar os 15 anos da filha mais velha, numa festa marcada para o próximo sábado (27). “Ela tinha um coração enorme e era o pilar que fazia isso aqui funcionar”, completa Cabrera.

Além de trabalhar no Cotoleno há 4 anos e meio, a assistente social fazia bolos e doces por encomenda para complementar a renda. Ela deixa duas filhas, a de 15 e outra menina, de 12 anos.

Marcelly Marcia Franca Almeida partiu aos 33 anos (Foto: Arquivo pessoal)
Marcelly Marcia Franca Almeida partiu aos 33 anos (Foto: Arquivo pessoal)

Investigação – O marido e a irmã de Marcelly registraram boletim de ocorrência. A família quer que possível demora no atendimento na UPA seja investigada. De acordo com o registro policial, a paciente chegou à unidade por volta das 13h e se passaram aproximadamente duas horas “do primeiro pedido até a vítima ser socorrida”.

Ela relatou dores no peito, diarreia, vômito e dificuldade de respirar. Relatório médico citado no boletim afirma que a assistente social teve parada cardiorrespiratória e, após nove tentativas de reanimação, morreu por volta das 16h45.

Por meio de nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Assistência Social) esclareceu que a paciente deu entrada na UPA Coronel Antonino no início da tarde, passou por classificação de risco e recebeu a cor amarela, “sendo encaminhada diretamente para atendimento médico”. “Ela permaneceu em observação, sendo medicada”.

Ainda conforme a secretaria, os sinais vitais de Marcelly estavam sendo monitorados no setor de estabilização da unidade. “Devido ao rápido agravamento do quadro clínico, a paciente precisou ser encaminhada para a sala de emergência”, onde teve parada cardíaca.

“A Sesau também informa que todos os procedimentos aconteceram dentro do tempo protocolar, conforme a classificação de risco, lamenta o falecimento da paciente e aguarda o resultados de exames para a elucidação diagnóstica”.

Despedida - O corpo de mulher, que morreu após sofrer parada cardiorrespiratória na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Coronel Antonino, ainda não foi liberado, porque mais exames serão feitos no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) para investigar a causa do óbito. O velório foi remarcado para começar às 20h, na Pax Nippon, da Rua 13 de Maio.

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