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Capital

Usando celular em cela, preso tramou esquema para tirar R$ 600 mil de lojista

Alexandre Arcoverde dos Santos, o “Arcoverde”, está preso desde 2007 e armou todo esquema contra comerciante

Por Lucia Morel | 12/01/2024 17:46
Local onde as vítimas foram mantidas em cárcere no Vilage Vitória, em 4 de janeiro. (Foto:Ana Beatriz Rodrigues)
Local onde as vítimas foram mantidas em cárcere no Vilage Vitória, em 4 de janeiro. (Foto:Ana Beatriz Rodrigues)

Foi identificado o terceiro integrante de quadrilha que manteve comerciante e dois funcionários em cárcere em salão de festas no bairro Caiobá, em 4 de janeiro. Alexandre Arcoverde dos Santos, o “Arcoverde”, está preso desde 2007 e de dentro do presídio onde está articulou toda a ação. A 6ª Delegacia de Polícia o interrogou, e ele confirmou ser o mentor do crime.

A ideia era conseguir extorquir R$ 600 mil da vítima, sendo o valor dividido entre cada integrante da quadrilha, que eram quatro.  O lojista combinou de comprar 600 aparelhos, que inicialmente teriam sido avaliados em R$ 400 mil e metade ele pagaria no ato da compra. Em depoimento, entretanto, Arcoverde disse que o acordo previa R$ 600 mil.

Além do mentor, foram presos Valdir de Oliveira Lopes Filho, 23, que foi mantido atrás das grades, e Kevelyn da Silva Araújo, 25 anos, beneficiada na audiência de custódia com liberdade provisória, mas cuja prisão preventiva foi solicitada ao juízo da 2ª Vara Criminal nesta sexta-feira, no encerramento do inquérito sobre o caso. O quarto envolvido é  Geovane Ferreira de Lima, 27 anos, que foi morto em confronto com policiais ao ser abordado em casa.

Os policiais chegaram à identidade de Arcoverde através de denúncias anônimas. Ouvido, ele confessou a trama. “Alexandre afirmou que planejou a prática do delito de dentro do presídio utilizando-se de um telefone celular. Disse que o crime contou com a participação de Valdir e Kevelyn, sendo estes os responsáveis pela locação do imóvel e a execução do crime”, disse ao delegado Gustavo Henriques Barros.

O líder do crime tem passagem por ameaça, roubo majorado, violência doméstica e homicídio. Dados de execução de pena dão conta que ele chegou a progredir para o semiaberto, mas fugiu 18 dias após ser beneficiado. Ele acabou recapturado e teve o regime revertido para o fechado.

No dia do crime, muitas armas foram encontradas com os envolvidos Valdir e Geovane. Conforme o relatório de encerramento, “Alexandre afirmou que as armas apreendidas com Valdir e Geovane pertenciam a ele e que estavam na posse do "Urso" (Valdir) para serem usadas quando determinado. Contou que conheceu Valdir através de outro custodiado”.

Sobre o uso de celular dentro do presídio, o que infelizmente é comum, Arcoverde afirmou ao delegado que o destruiu após o dia do crime e descartou “os restos através da janela de sua cela”. Em relação à conta bancária usada para se fazer o Pix de R$ 16 mil – a vítima, tentando se livrar do sequestro, pagou aos sequestrados essa quantia -, esta “teria tido o nome da titularidade modificado através de um aplicativo com a finalidade de dificultar o seu rastreio”.

Armas e munições apreendidas com os criminosos. (Foto: Reprodução)
Armas e munições apreendidas com os criminosos. (Foto: Reprodução)

A Polícia Civil indiciou todos os envolvidos e pediu a preventiva de Kevelyn, que já possui registros policiais por lesão corporal, ameaça, calúnia e furto. “Assim, preenchidos todos os requisitos legais estabelecidos, a autoridade policial subscritora representa a Vossa Excelência, ouvido o membro do Ministério Público, pela decretação da prisão preventiva de Kevelyn da Silva Araújo”, cita o relatório.

Caso – Por volta das 7h de quinta-feira (4), a equipe policial foi informada sobre uma extorsão mediante sequestro. Na ocasião, a informação era de que três comerciantes do camelódromo haviam sido atraídos para fechar um negócio na região do Portal Caiobá e acabaram rendidos por dupla armada.

Equipes da Polícia Militar da região foram acionadas pelas vítimas logo após os criminosos fugirem. Em seguida, os policiais do Choque chegaram. No local, os rapazes contaram que foram encurralados pelos dois homens que passaram a exigir dinheiro, mas nenhum deles tinha no momento e então começaram a ser agredidos pela dupla.

Um dos rapazes conseguiu escapar para o banheiro e se trancou, momento em que um dos sequestradores deu tiro na porta e ao abrir passou a bater ainda mais na vítima que teve as mãos amarradas. Logo após a sessão de tortura, um deles fez uma transferência de R$ 16 mil e os bandidos fugiram.

Os policiais então foram até a Rua dos Meninos e encontraram a casa onde o suspeito estava. Ainda, de acordo com o subcomandante do Batalhão de Choque, major Anderson Nascimento, Geovane estava armado com uma pistola e ofereceu resistência. Ele então foi atingido por disparo de arma de fogo e chegou a ser socorrido, mas não resistiu e morreu. Com ele foram encontradas outras três armas, totalizando cinco apreendidas.

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