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Capital

Uso de aplicativos de táxi gera polêmica e discórdia em cooperativa

Ricardo Campos Jr. | 25/10/2015 09:45
Junior afirma que aplicativo apenas serve como intermédio entre cliente e profissional (Foto: Fernando Antunes)
Junior afirma que aplicativo apenas serve como intermédio entre cliente e profissional (Foto: Fernando Antunes)
Ao ser confrontado. taxista optou em deixar cooperativa (Foto: Fernando Antunes)
Ao ser confrontado. taxista optou em deixar cooperativa (Foto: Fernando Antunes)

Uso de aplicativos como Easy Táxi, 99 Táxi e Wappa tem sido motivo de polêmica entre os profissionais vinculados à Coopertáxi. Motoristas denunciam ao Campo Grande News que a entidade tem punido os associados que aceitam corridas pelo celular. Eles afirmam que funcionários da cooperativa se passam por clientes e pedem o serviço apenas para anotar o nome e a placa no intuito de flagrar os “infratores”.

Diacizo Ângelo Silva Júnior, 46 anos, foi flagrado em uma dessas armadilhas. Ao ser confrontado, ele optou em deixar a cooperativa e hoje trabalha apenas pelos programas de celular. “Eu tenho o direito de escolher para quem eu trabalho e fiz isso”, comenta.

O motorista considera injusta a atitude tomada pela cooperativa, que na visão dele é constituída para prestar serviços aos associados mediante o pagamento de uma mensalidade. “Eu não tenho vínculo [empregatício] nenhum com a Coopertáxi, ela nunca me deu nada”, opina Silva Júnior.

Segundo ele, a cooperativa tem agido de forma ameaçadora e coagido vários profissionais a deixarem de usar os programas de celular. Silva Júnior relata que a situação é tão absurda, que já embarcou passageiros que usam o aplicativo em frente de colegas que, por medo, preferem depender apenas dos serviços da entidade.

O Campo Grande News percorreu quatro pontos de táxi para conversar com os trabalhadores a respeito da medida. Bastava ouvir o assunto da pauta que eles desconversavam, diziam não saber de nada. Outros falavam sobre a proibição, mas não quiseram dar entrevistas com medo de represália. Ocorre que muitos são chamados de auxiliares, ou seja, subcontratados pelos donos dos automóveis, que geralmente detêm as licenças para operar no ramo.

Silva Júnior conta que ele se enquadra nessa situação, mas tem a sorte de trabalhar para o sogro, que deu-lhe carta branca para deixar a Coopertáxi.

A explicação para a atitude da sociedade, na visão do taxista, é uma interpretação no estatuto da entidade que considera os aplicativos como uma espécie de concorrência. Porém, segundo ele, os programas de celular servem apenas como intermédio entre os clientes e os trabalhadores e da mesma forma que alguém os utiliza para pedir uma corrida, é possível ligar direto para o celular de um taxista conhecido para fazer o mesmo, sem passar pela central da cooperativa.

Quem pensa que esse tipo de tecnologia ainda não é presente na Capital se engana. Durante a entrevista, que durou 15 minutos, o telefone dele apitou mais de oito vezes informando que existiam clientes à espera.

Livre – O diretor-presidente da Coopertáxi, Flavio Panissa, afirma que nenhum dos associados é obrigado a permanecer vinculado à entidade. “Se quer trabalhar, é um grupo, tem estatuto e regimento interno. Nós vendemos a nossa qualidade. O aplicativo é um concorrente para nossa empresa”, explica.

Segundo ele, além das normas próprias da instituição, a própria lei proíbe o trabalho em empresas concorrentes do mesmo ramo econômico. “O táxi tem um regime de exclusividade. Eu tenho uma clientela. Digamos que tenho 300 carros. Se eles começam a ficar ocupados por causa do aplicativo, não tenho carro para atendê-los”, afirma.

O gestor não tem medo que o uso desse tipo de recurso se popularize ao ponto de inviabilizar a associação e lembra que a Coopertáxi tem um aplicativo próprio. “Nas grandes metrópoles, isso não tem acontecido”.

Sobre as punições, caso algum dos cooperados seja flagrado usando o aplicativo para conseguir corridas, a direção chama o permissionário (dono do carro) para uma conversa. Dependendo do caso, a sanção vai de suspensão por alguns dias até a exclusão do profissional.

“Eu faço um serviço de qualidade. Eu dou treinamento para os taxistas e a outra empresa pega minha qualidade de lambuja?”, questiona Panissa.

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