Vereadores convocam população e especialistas para debater Baleia Azul
Audiência pública no dia 27 vai abordar assuntos de saúde, segurança pública e cidadania para prevenir automutilação e suicídio entre jovens.
Os desafios mortais do jogo “Baleia Azul”, que estão preocupando pais e professores de Mato Grosso do Sul, bem como formas de prevenir a adesão de adolescentes e jovens, serão debatidos em audiência pública na próxima quinta-feira (27), a partir das 14h, na Câmara Municipal de Campo Grande.
O game, que teria origem na Rússia, está sendo mundialmente conhecido como 'jogo do suicídio' porque propõe 50 tarefas para serem cumpridas diariamente, sendo que a última é retirar a própria vida. Os desafio são determinados por curadores, que convocam os participantes, principalmente por adolescentes e jovens, por meio de grupos fechados de facebook e WhatsApp.
Entre as atividades propostas, estão ações macabras, como desenhar códigos nas mãos e braços com objetos cortantes, frequentar locais perigosos de madrugada, como prédios altos e, por fim, cometer suicídio.
Proposta pelo vereador Hederson Fritz (PSD), a audiência pretende reunir a população em geral e especialistas da área da saúde, educação, cidadania, direitos humanos e segurança pública.
O “Baleia Azul”, ou “Blue Whale”, já vem despertando atenção de pais e autoridades do mundo todo desde 2015, e alertou a população de Mato Grosso do Sul depois que professores de Ponta Porã tiveram acesso a uma mensagem com ameça de envenenamento a crianças de três colégios particulares do município. O caso foi parar na na 1ª Delegacia da Polícia Civil, opnde foi registrado boletim de ocorrência no último dia 19.
A suspeita é que o autor do texto estaria participando do “Baleia Azul”, e submetido a atos violentos, de automutilação e comportamento suicida.
O jogo de internet Baleia Azul — que tem despertado a preocupação de pais e professores no mundo todo por incitar adolescentes a cometerem automutilação e suicídio – ganhou espaço para debates também entre parlamentares de Mato Grosso do Sul.
O assunto também foi colocado em pauta durante sessão na Assembléia Legislativa, no dia 20, quando foi apresentada proposta que tem como meta combater fortemente o “game da morte” no estado. De autoria da deputada Mara Caseiro (PSDB), a proposição sugere a criação do Programa de Prevenção e Combate ao Jogo da Morte – Baleia Azul, com a meta de estabelecer ações de prevenção do suicídio de crianças e adolescentes que aderem aos desafios do game.
No Brasil, dois casos estão sendo investigados com possibilidade de relação ao game da morte. Um deles é no município de Pará de Minas, em Minas gerais, com o falecimento do jovem Gabriel Antônio dos Santos Cabral, de 19 anos, que sofria de depressão. A família informou que ele estava tentando deixar o grupo da internet, mas que vinha sendo muito pressionado.
Outro caso ocorreu em Vila Rica, no Mato Grosso, onde o corpo da adolescente Maria de Fátima da Silva Oliveira, de 16 anos, que também estaria com sintomas de depressão, foi encontrado dentro de uma represa.
Mudanças de comportamento - Entrar no desafio da Baleia Azul é um sinal de que o adolescente está passando por um sério problema emocional.
É o que afirma a psicóloga Cláudia Malfatti. "A principal causa das mortes por suicídio está relacionada à depressão. A pessoa que tenta se matar, quer chamar atenção para algo que não consegue resolver. É um pedido de ajuda”, esclarece.
“Quem pensa em tirar a própria vida, na verdade não quer morrer, mas sim se livrar de um sofrimento, e acredita que essa é a única saída. É importante pais, responsáveis, e também professores, estarem atentos aos sinais de alerta de jovens e adolescentes, como alteração de humor, irritabilidade, pensamento de que a vida não vale a pena, desânimo, alteração no sono e apetite e desesperança”, alerta.
A especialista disse ainda que, além de observar o comportamento dos filhos, é fundamental tentar manter diálogo. "Caso perceba que o filho precise de ajuda, não hesite em buscar atendimento psicológico e, quando necessário, psiquiátrico. No caso de transtornos mentais o trabalho desses dois profissionais é fundamental para o tratamento", diz.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 90% das mortes por suicídio estão relacionadas a doenças tratáveis. O suicídio, de acordo com a especialista, é um grave problema de saúde pública. Estudos indicam que de 50% a 60% dos que morrem por suicídio nunca se consultaram com um profissional de saúde mental.