Vídeo mostra só parte de ação de motociclistas que mataram delegado
Imagens de câmeras de segurança, divulgadas pela Polícia Civil na tarde desta quarta-feira (03), mostram os motociclistas responsáveis pela execução do delegado aposentado Paulo Magalhães. Mas o vídeo repassado é curto, apenas de momentos que antecedem a execução.
O crime aconteceu por volta das 17h40 do dia 25 de junho, em frente a uma escola infantil, entre as ruas Piratininga e da Paz, no bairro Jardim dos Estados.
As imagens que são de estabelecimentos comerciais vizinhos ao local do crime mostram que minutos antes do assassinato os autores estavam monitorando a casa da vítima, que fica a três quadras da escola. Os dois homens aparecem em uma motocicleta.
Logo em seguida, as filmagens são do jipe do delegado passando pela rua Alagoas. Cerca de 20 segundos depois, os motociclistas aparecem na Rua Piratininga e viram à esquerda, também na Rua Alagoas, logo atrás do veículo do delegado. Foi exatamente nesse horário que o crime aconteceu.
Desde o dia da execução, a Polícia tem recolhido imagens de circuitos de segurança de empresas que ficam no trajeto entre a casa do delegado e a escola Feliz Idade, onde ocorreram os disparos. No entanto, também tem dito desde então que as imagens do local do crime são confusas, mostram muitos motociclistas e a divulgação poderia envolver pessoas que não têm relação com o caso.
De acordo o titular da delegacia de Homicídios, delegado Edilson dos Santos, os autores ainda não foram identificados, mas a Polícia tem certeza de que os dois homens que aparecem nas filmagens são os responsáveis pelo crime.
O inquérito policial que investiga o caso segue sob segredo de justiça. Simulação realizada no último dia 28, constatou que a ação dos pistoleiros durou de dois a três segundos e que a vítima foi executada com seis tiros.
No dia do crime, o delegado estava indo buscar a filha, de 11 anos na escola. Ele costumava ir a pé, mas como estava chovendo acabou indo de carro. Até o momento, ninguém foi preso.
Paulo Magalhães tinha 57 anos e era professor universitário. Ele tinha uma ONG (Organização Não Governamental) onde fazia denúncias envolvendo o poder público. Chegou a publicar um livro sobre instalação de câmeras clandestinas na Penitenciária Federal de Campo Grande.
O livro “Conspiração Federal” foi censurado após a publicação. Nas páginas, cinco agentes penitenciários denunciavam a existência da gravação de encontros íntimos dos presos e inúmeras outras irregularidades no local, a mando de juiz federal.
Dossiês: O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) confirmou a existência de dossiês, onde Paulo denúncia duas pessoas do judiciário. De acordo com o CNJ, as informações tramitam na Corregedoria do Conselho e são sigilosas.
Por enquanto, não podem ser fornecidos detalhes como identificação dos juízes e onde atuam. O CNJ também não confirma se os alvos das denúncias são de Mato Grosso do Sul.
Antes de ser assassinado, Paulo deixou 11 cópias dos dossiês com amigos, pois temia que fosse morto por causa das investigações. A Polícia Civil de Campo Grande já solicitou uma cópia ao CNJ.