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Comportamento

Aline entrou no break há 14 anos e hoje os filhos seguem seus passos

Filho mais velho, de 7 anos, participou de batalha realizada no palco da Orla Morena neste domingo

Por Clayton Neves | 07/04/2025 07:03
Aline entrou no break há 14 anos e hoje os filhos seguem seus passos
Aline ao lado dos filhos Estevão, de 5 anos, e Timóteo, de 7. (Foto: Clayton Neves)

No tapete da sala, entre brinquedos e batidas de rap, os filhos de Aline Queiroz aprenderam os primeiros passos de break. Aos 7 anos, o mais velho, Timóteo, já participa de competições da cena. O mais novo, Estevão, de 5 anos, arrisca os giros com a mesma naturalidade com que outras crianças brincam no parquinho. A paixão? Veio de berço.

"Desde que estavam na barriga, eu e meu marido já dançávamos na sala de casa. O som sempre esteve presente na nossa família e todo mundo mexia junto"  conta Aline, orgulhosa por perceber que a dança virou herança.

A trajetória da b-girl campo-grandense começou no fim de 2011, inspirada por vídeos na internet e pela própria irmã. Na época, quase só se via homens dançando, mas a virada veio ainda no ensino médio, quando viu uma mulher dançando breaking no palco de um teatro da cidade.

"Pensei: poxa, existe mulher na cena, eu posso fazer também", lembra. A partir dali, veio a liberdade. "Nos outros estilos eu me sentia presa à coreografia. O breaking me deu liberdade de expressão, fora da caixinha", avalia.

Aline entrou no break há 14 anos e hoje os filhos seguem seus passos
Timóteo, filho de Aline, durante apresentação em batalha de break na Orla Morena. (Foto: Clayton Neves)

Mais de uma década depois, Aline ainda dança e hoje vê seus filhos seguirem seus passos. "Eles estão sempre nos treinos. Foi algo natural, da convivência, do dia a dia mesmo", diz.

A história de amor que se transforma em legado é a essência do que se viu no palco da Orla Morena neste domingo (6), durante o Festival Campão Cultural. Timóteo, filho de Aline, estava entre os competidores da noite e teve o incentivo da artista veterana, que aplaudia da plateia, assumindo o papel de mãe coruja.

Entre saltos, giros e olhares desafiadores, b-boys e b-girls de várias idades e cidades participaram das batalhas de break, em um manifesto artístico em plena Capital de Mato Grosso do Sul, Estado conhecido e associado ao agronegócio e pelo sertanejo.

"Aqui, a gente dança contra o apagamento", resume Patrícia Maecawa, produtora cultural e organizadora do evento. “A cena do hip-hop é uma loucura, uma resistência diária. A gente precisa de chão, de som, de recurso. Mas, acima de tudo, precisa de união. E isso a gente tem”, avalia.

Ao todo, 16 duplas participaram da disputa em duplas na categoria adulto. Antes, a Batalha Kids reuniu pequenos de até 16 anos. “Ver 16 crianças hoje no palco é um avanço enorme. Na última vez que estive aqui, não tinha nem metade disso”, comemorou Nathana Venâncio.

Aline entrou no break há 14 anos e hoje os filhos seguem seus passos
Evento fez parte da programação do Campão Cultural e levou pessoas de todas as idades à Orla Morena. (Foto: Clayton Neves)

Na cena há 17 anos, a artista veio do Paraná só para participar do evento. “Meu pai dançava break, então essa arte também veio da minha infância. Voltar aqui é gratificante demais”, conta.

Apesar do crescimento, a cena ainda enfrenta obstáculos na avaliação da artista. “Faltam apoios, principalmente para projetos com crianças, que precisam de professores, de estrutura. É isso que vai manter a cultura viva", reforça Nathana, que também representa o Brasil em competições internacionais.

Para Aline, que viu no breaking uma forma de se libertar e hoje planta isso nos filhos, a dança é mais que expressão: é elo. "Quando a gente se vê, a troca é linda. Somos poucas b-girls aqui, mas muito unidas. E o pouco que temos, a gente fortalece", resume.

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