Vítima de feminicídio denunciou ex-marido quatro vezes à polícia em sete dias
Fabiano Querino, de 35 anos, esfaqueou mulher na frente de três crianças; ele está foragido
Assassinada com golpes de faca no Bairro Parque do Lageado, em Campo Grande, Eloísa Rodrigues de Oliveira, de 36 anos, já havia registrado inúmeros boletins de ocorrência contra o ex-companheiro, Fabiano Querino dos Santos, de 35 anos. Foram, no começo do relacionamento, quatro boletins em apenas uma semana.
As informações são da delegada da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), Elaine Benicasa, durante entrevista coletiva à imprensa, na manhã desta sexta-feira (18). A titular explicou que, diferente de outros casos, a vítima procurou a polícia para denunciar o agressor, mas, semelhante a esses mesmos casos, retornou ao convívio com ele.
Ciclo de violência - Benicasa disse que Eloísa conheceu Fabiano em agosto de 2019, durante pregações que a mulher fazia nos terminais de ônibus da Capital. Foram apenas três meses para que ele se demonstrasse uma pessoa violenta. "No dia 7 de novembro de 2019, procurou a polícia relatando lesões, ameaças e injúria", descreve.
Nesse dia, Eloísa solicitou medida protetiva. "No dia seguinte, ela retorna e registra outro boletim de ameaça e ratifica a medida protetiva do dia anterior", revela. Já no dia 12 do mesmo mês, quatro dias depois da primeira denúncia, Eloísa retornou para registrar outro boletim de ocorrência contra Fabiano, desta vez, de perturbação da tranquilidade.
"No dia 14, ele foi preso em flagrante pelo crime de ameaça. Então, foram quatro boletins de ocorrência, contando com o flagrante, em sete dias", revelou Benicasa.
No entanto, Fabiano conseguiu liberdade provisória com uso de tornozeleira eletrônica. Nesse período, o casal teria reatado o relacionamento, mesmo com a medida protetiva vigorando. Nesse retorno, o casal teve um filho, hoje com 1 ano e sete meses de idade. A vítima já tinha outros filhos, frutos de um relacionamento anterior.
Já no dia 3 de março deste ano, 13 dias antes de ser morta, Eloísa chegou em casa e encontrou Fabiano bastante nervoso pedindo a separação. "Ela solicitou que ele saísse da casa e então cobrou dela R$ 2,4 mil, valor gasto na reforma do imóvel. Houve discussão do valor, quando ele a agrediu, ameaçou, xingou e chutou um dos filhos menores", revelou a delegada. "Então, ela procurou a delegacia e registrou boletim de lesão, ameaça, injúria e maus-tratos."
O histórico de ameaças também foi relatado por vários moradores da rua onde Eloísa morava. O homem já havia prometido decapitá-la e jogar o corpo na rua para que todos vissem, também a trancou em casa com os filhos depois de cortar a mangueira do gás.
O crime - Eloísa foi esfaqueada na frente dos três filhos na casa onde morava no Bairro Parque do Lageado, na noite da última quarta-feira (16). Uma das filhas, de 5 anos, foi quem saiu na rua pedindo socorro. Logo em seguida, a mulher saiu ensanguentada da casa. Pouco antes, Fabiano fugiu do local.
Eloísa foi socorrida por uma vizinha, que tentou estancar os ferimentos até a chegada da ambulância. Depois, foi levada para a Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no início da tarde de ontem (17).
O suspeito segue foragido. Ele foi visto na rua na manhã de ontem, cuidando o local. Moradores acreditam que Fabiano foi confirmar se Eloísa havia morrido.