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Capital

"Você paga R$ 100 e vai R$ 1,3 mil": pelo WhatsApp, o novo golpe do ganho fácil

Grupos pedem que valor seja enviado pelo Pix e retorno seria de 5x o montante inicial. É golpe, diz delegada

Silvia Frias | 14/03/2023 10:37
Pelo Whats, o "saldo" prometido pelos golpistas, retorno que atrai muitas vítimas. (Foto/Reprodução)
Pelo Whats, o "saldo" prometido pelos golpistas, retorno que atrai muitas vítimas. (Foto/Reprodução)

A promessa de lucros em pouco mais de dois a dez minutos é mais um golpe que está sendo aplicado em Campo Grande. A oferta quase irresistível chega pelo WhatsApp em que a pessoa é induzida a fazer Pix de certa quantia em dinheiro e, em tese, recebe pelo menos cinco vezes o valor.

“Isso é golpe, é fraude”, garante a delegada da Dedfaz (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações, Falimentares e Fazendários), Ana Luiza Noriler.

A roupagem é nova, mas o golpe é antigo e se enquadra no crime de estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal, com pena de um a cinco anos e multa.

No grupo "Cartão e Pix", a explicação para o retorno rápido. (Foto/Reprodução)
No grupo "Cartão e Pix", a explicação para o retorno rápido. (Foto/Reprodução)

Um dos grupos a que o Campo Grande News teve acesso, o “Cartão e Pix” foi criado em 25 de janeiro e, hoje, conta com 53 participantes. Na lista, há contatos do Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Brasília, Tocantins, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Após acessar o link e entrar para o grupo, há a tabela com os valores atrativos. “Temos saldo, família”, anuncia o administrador, com DDD de Mato Grosso do Sul e que usa a alcunha “Humildade”.

Nele, os “investimentos”. O Pix teste é de R$ 70, com retorno de R$ 300. Na tabela, consta que o depósito é de R$ 100, com recebimento de R$ 500 e assim por diante, chegando a repasse de R$ 1 mil, com retorno de R$ 5 mil. Na descrição, o aviso: “só fechem com adm os trampo”, seguido de emoji que cospe dinheiro.

Em contato com o administrador, a explicação confusa para o retorno rápido e acima de qualquer padrão estabelecido pelo mercado financeiro: diz que usa o método de pagamento via cartão do Mercado Pago, “para fazer a virada do crédito para o débito”.

Ao pedir mais detalhes, diz que retira o saldo do cartão e envia para o interessado. O envio do valor é imediato e não há pagamento de qualquer outra parcela adicional, promete.

Em outro grupo, a conversa é direcionada para homem com telefone de Minas Gerais. O nome e a foto não serão divulgados, já que, segundo a delegada, normalmente os golpistas usam fotos de terceiros e telefones clonados.

Por áudio, explica como funciona o método, semelhante ao outro, mas com adicional: a esposa trabalha em instituição bancária e precisa bater a meta de cartões. O marido entra com a venda dos limites.


A comunicação com os administradores termina, já que o próximo passo é o pagamento da parcela via Pix, pedido que é feito com insistência por eles. A explicação é confusa, mas, mesmo com indício de que a transação é duvidosa, há quem continue com o procedimento.

“É golpe. Impossível fazer investimento a R$ 100 e ter lucro exorbitante de R$ 500, não faça o Pix”, alerta a delegada. Conforme Ana Luiza Noriler, este é caso de estelionato, revestido de novo golpe na praça. “Querem passar que é pirâmide financeira, mas, não tem retorno”.

Geralmente, o golpe é feito com valores baixos, que podem ser transferidos via aplicativo dos bancos. Segundo a delegada, há alguns registros de casos de vítimas desse sistema na Capital, mas que outros acabam não chegando à Polícia Civil, pois as pessoas tem vergonha de terem sido enganadas.

Segundo a delegada, os golpistas também utilizam telefones e fotos clonadas de pessoas que tem muitos seguidores no Instagram para dar credibilidade ao sistema.

Pela Internet, não faltam avisos de que a transação é golpe. Em uma publicação de instituição bancária, o aviso de que, em alguns casos, os repasses iniciais são realizados para ganhar confiança de quem deposita dinheiro ilícito. Assim que as apostas crescem, o tombo vem.

“Todas as vantagens muito expressivas, a pessoa tem que desconfiar. Se fosse assim, todos estariam milionários, os bancos não emprestariam a juros, não é assim que funciona, as coisas não são tão fáceis assim”, explica a delegada. “Todo mundo tá precisando de dinheiro, é junção de fatores”.

Na Dedfaz, são investigados casos de fraude acima de 100 salários mínimos, mas a delegada orienta que as vítimas podem procurar qualquer delegacia para registrar a ocorrência.

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