CCR quer rever contrato e paralisa obras de duplicação da BR-163
Caso não tenha mudanças, a empresa, que assumiu a concessão em 2014, pode deixar o serviço.
A CCR MS Via suspendeu as obras de duplicação da BR-163, que corta o Estado de Norte a Sul, e pede à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) revisão do contrato. Caso não tenha mudanças, a empresa, que assumiu a concessão em 2014, pode deixar o serviço.
“As obras de duplicação foram suspensas em razão da CCR MS Via ter protocolado na semana passada um pedido de revisão do contrato. Esse pedido baseia principalmente nas condições econômicas atuais, na total recessão que atravessa o País”, afirma Roberto de Barros Calixto, presidente da empresa, em entrevista ao Jornal Bom Dia MS, da TV Morena.
De acordo com ele, serão mantidos os serviço de atendimento pré-hospitalar, inspeção de tráfego, poda, tapa-buraco e limpeza. Conforme o presidente, a via teve redução brutal do fluxo, com 35% abaixo do previsto.
“Pedimos revisão do contrato, queremos que volte as condições normais de financiamento, que a licença ambiental seja regularizada e a duplicação siga parâmetros técnicos. Se não tiver revisão, a empresa prefere parar”, afirmou Roberto na entrevista. Apesar da suspensão da duplicação, permanece a cobrança dos pedágios.
A lentidão das obras foi mostrada na semana passada pelo Campo Grande News. O macroanel de Campo Grande, que liga as saídas de São Paulo e Cuiabá, por exemplo, não foi duplicado, com instalação apenas de defensas metálicas e placas.
A BR-163 cruza 21 municípios em Mato Grosso do Sul, desde Sonora, na divisa com Mato Grosso, até Mundo Novo, na divisa com o Paraná. Dos 845,4 km concedidos, a concessionária deveria duplicar 798,3 km. As praças de pedágio foram ativadas em setembro de 2015 após a duplicação de quase 90 quilômetros da via.
Os postos de cobranças foram instalados em Mundo Novo, Itaquiraí, Caarapó, Rio Brilhante, Campo Grande, Jaraguari, São Gabriel do Oeste, Rio Verde de Mato Grosso e Pedro Gomes. Para veículos de passeio, os valores vão de R$ 4,60 a R$ 7,40. Caso esse veículo faça o trajeto de Mundo Novo a Sonora, os pedágios totalizam R$ 55,40.
No fim de 2015, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou financiamento de longo prazo de R$ 2,3 bilhões para a concessionária. A concessão da via, que já foi chamada de Rodovia da Morte, tem validade de 30 anos. A CCR MS Via fará coletiva de imprensa hoje a partir das 10h30, em Campo Grande.
Em massa – Conforme estimativa do Sinticop (Sindicato dos Trabalhadores na Construção Pesada de Mato Grosso do Sul) um efeito imediato da paralisação das obras é a perda de 1.500 empregos.
“Já fomos comunicados por algumas empresas que haverá dispensa em massa. A CCR MS Via só vai manter os funcionários que fazem a manutenção da rodovia, em torno de 200 pessoas”, afirma o presidente do sindicato, Walter Vieira dos Santos.