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Cidades

Com sonho de ser advogada, Sara se desafia a fazer o Enem em braile

Adriano Fernandes | 31/10/2016 16:21
Há cerca de um ano Sara se dedica ao preparo para o exame. (Foto: Fernando Antunes)
Há cerca de um ano Sara se dedica ao preparo para o exame. (Foto: Fernando Antunes)

A deficiência visual nunca impediu Sara Silva dos Santos, de 17 anos, de correr atrás dos sonhos. O maior deles é conseguir uma nota boa o suficiente no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para entrar na faculdade de direito.

Este ano ela é um dos quatros estudantes de Mato Grosso do Sul a fazer a prova em braile. Mas ela conta de certa forma já é experiente no exame. Em 2016 a jovem presta o vestibular para direito pela segunda vez.

“Mas agora é para valer. A expectativa é grande porque da outra vez que fiz a prova foi só uma forma de me testar”, ela brinca. Por ter impossibilidade total de visão, ela optou por fazer prova em braile, mas com o acompanhamento de um ledor, como é chamado quem acompanha, lê e transcreve as respostas do candidato para o gabarito. Ano passado ela também optou por esse recurso.

“Dessa forma eu consigo interpretar a prova em braile, como os gráficos de matemática e física, por exemplo, e ainda conto com o auxílio do ledor caso eu necessite da ajuda dele para interpretar a questão”, completa.

Em 2015 a estudante atingiu a pontuação 680 na prova, quando ainda cursava o segundo ano do ensino médio na Escola Blanche dos Santos Pereira, no Jardim Tijuca, região sul de Campo Grande. Para conseguir a tão esperada aprovação, ela conta que já se prepara há cerca de um ano.

Além dos estudos em casa a jovem concilia o seu tempo entre a escola e o acompanhamento que recebe diariamente no ISMAC (Instituto Sul Mato Grossense Para Cegos Florivaldo Vargas), há três anos.

“Lá eu tenho as aulas de orientação e mobilidade urbana e até judô”, se orgulha. No próximo sábado (05) e domingo (06) ela enfrenta a maratona de cerca de 10 horas de provas na Escola Municipal Doutor Eduardo Olímpio Machado. As universidades UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) e UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) são suas duas opções de bolsas de estudo. 

Inscritos – Em Mato Grosso do Sul 15 estudantes solicitaram atendimento especial por algum tipo de deficiência visual, mas apenas 4 solicitaram fazer as provas do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) 2016 em braille. Em todo o país foram 1.156 candidatos que alegaram algum tipo de dificuldade visual.

Além do braile o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) também oferece outros recursos de atendimento ao candidato. Durante a inscrição para o exame este ano, o questionário pedia ao candidato que especificasse o tipo de auxílio ou recurso que precisaria para fazer a prova.

Como fazer os exames unicamente em braile, com letra ampliada, salas com acessibilidade e o auxílio para leitura eram algumas das opções que os candidatos podiam escolher. O participante que declarar ser portador de necessidades especiais também poderá solicitar um tempo adicional de até 60 minutos para a realização da prova, em cada um dos dias do exame.

Enem 2016 – Nos dois dias de provas do Enem, os portões serão abertos às 12h e se fecham às 13h e o início das provas é às 13h30 (horário de Brasília) . A duração do exame no primeiro dia de prova é de 4 horas e 30 minutos e o segundo, 5 horas e 30 minutos. começam a partir das 12h.
O local de prova consta no Cartão de Confirmação da Inscrição, na Página do Participante, pelo link.

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