Comandante da PM diz que operação foi planejada e que abrirá investigação
A operação para cumprir decisão judicial de reintegração de posse na fazenda Buriti – que resultou em confronto, feridos e um índio morto – foi planejada há dias. “Não foi feito no afogadilho. Estávamos a muitos dias fazendo planejamento”, afirma o comandante da PM (Polícia Militar), coronel Carlos Alberto David dos Santos.
Ele relata que a situação de conflito já era esperada. “Só lamento que quem devia tomar providências, não as tenha tomado a tempo. A Justiça Federal tentou fazer a conciliação até o último momento”, relata.
O comandante da PM refirmou que a corporação só utilizou balas de borracha e bomba de gás lacrimogêneo. Ainda conforme o coronel, será aberto um procedimento de investigação na Corregedoria. “Houve lesão praticada contra os policiais militares, será aberto um procedimento para apurar responsabilidade”, afirma. A PM atuou em apoio à PF (Polícia Federal).
A ação na fazenda, no município de Sidrolândia, durou oito horas. No meio da manhã de ontem, a PM enviou reforço de efetivo, munição e viaturas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para o local do conflito. O clima ficou mais tenso com a morte de Oziel Gabriel, de 35 anos. Conforme o laudo do legista, ele foi atingido por um tiro no abdômen, a bala passou pelo fígado e o projétil saiu pelas costas.
Os terenas atearam fogo a ponte e casas na fazenda Buriti. A PF (Polícia Federal) apreendeu armas artesanais, facões e duas espingardas. A fazenda foi invadida pelos terenas em 15 de maio. No mesmo dia, saiu uma decisão para que os índios deixassem o local. Mas a reintegração não foi cumprida e no dia 18 a decisão acabou suspensa até a última quarta-feira, quando foi realizada audiência na Justiça Federal. Sem acordo entre as partes, o juiz Ronaldo José da Silva determinou o cumprimento da reintegração de posse.