Depois de prestar depoimento à PF, índios são liberados na madrugada
Os quinze índios detidos ontem após o confronto na reintegração da fazenda Buriti já foram liberados. Algemado, o grupo chegou ontem à noite à superintendência da PF (Polícia Federal) em Campo Grande, prestou depoimento e foi solto às 2h30 desta sexta-feira.
Eles foram detidos por desobediência. Outros três adolescentes terenas foram levados para a delegacia de Sidrolândia, município onde fica localizada a propriedade rural.
Ontem, equipes da PF (Polícia Federal) e Cigcoe (Companhia de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais) cumpriram a ordem judicial de reintegração de posse. Os índios resistiram e se instalou o conflito. Do lado dos terenas, uma morte e quatro feridos. Do lado dos policiais, a PF divulgou que três agentes ficaram feridos.
A ação na fazenda durou oito horas. No meio da manhã, a PM (Polícia Militar) enviou reforço de efetivo , munição e viaturas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para o local do conflito. O clima ficou mais tenso com a morte de Oziel Gabriel, de 35 anos. Conforme o laudo do legista, ele foi atingido por um tiro no abdômen, a bala passou pelo fígado e o projétil saiu pelas costas.
Os terenas atearam fogo a ponte e casas na fazenda Buriti. A PF apreendeu armas artesanais, facões e duas espingardas. A fazenda foi invadida pelos terenas em 15 de maio. No mesmo dia, saiu uma decisão para que os índios deixassem o local.
Mas a reintegração não foi cumprida e no dia 18 a decisão acabou suspensa até a última quarta-feira, quando foi realizada audiência na Justiça Federal. Sem acordo entre as partes, o juiz Ronaldo José da Silva determinou o cumprimento da reintegração de posse. Os índios reivindicam 17 mil hectares da aldeia Buriti que estão na posse de fazendeiros.