Detran afasta acusados de fraudes em CNH e vai suspender autoescolas
Localizados em Douradina e Naviraí, dois Centros de Formação de Condutores terão as atividades suspensas
Postos em liberdade ontem, os presos na operação “Sinal Vermelho à Corrupção”, que revelou fraudes no processo de obtenção da CNH (Carteira Nacional de Nacional), foram afastados de suas funções públicas. Duas autoescolas, localizadas em Douradina e Naviraí, terão as atividades suspensas.
A medida de afastamento se aplica ao grupo de presos formado por examinadores, médicos credenciados ao Detran (Departamento Estadual de Trânsito) e instrutores. De acordo com a delegada Aline Lopes, corregedora do Detran, o afastamento se aplica aos servidores e terceirizados, porque eles executam os trabalhos em nome do órgão estadual de trânsito.
Não foi divulgado o número de pessoas afastadas de suas funções. Os suspeitos estavam presos na Defurv (Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos) e Garras (Grupo Armado de Repressão e Resgate a Assaltos e Sequestros). Eles deixaram a cadeia com os rostos encobertos por casaco, camiseta e até capuz.
Deflagrada na sexta-feira, a operação foi realizada em Naviraí, Douradina e Campo Grande. Dos 20 mandados de prisão temporária (válidos por cinco dias), 17 foram cumpridos ainda na sexta-feira. A delegada pediu a prisão preventiva de 14 acusados, contudo, ontem a justiça de Naviraí, onde corre o processo, mandou que todos fossem soltos.
Um médico foi preso na segunda-feira no interior do Estado. A prisão temporária dele termina na próxima sexta-feira. Outros dois mandados de prisão não foram cumpridos.
De acordo com a delegada, a investigação contra o grupo deve ser concluída na próxima semana. Eles serão denunciados por corrupção, falsidade e formação de quadrilha.
O esquema - As denúncias chegaram ao Detran em setembro do ano passado. As fraudes aconteciam em todas as fases da emissão do documento, desde o exame médico até a prova prática. O preço variava entre 800 a R$ 3 mil.
Os pagamentos garantiam que analfabetos e pessoas com problemas oftalmológicos fossem consideradas aptas a obter CNH. O candidato a motorista deve ser alfabetizado, ser considerado apto no exame médico, além de aprovação no psicotécnico, prova escrita e prova prática.
No exame teórico, a fraude contava com cinco aplicadores de prova da Fapec (Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura). O dinheiro era dividido entre os envolvidos durante festas com mulheres e bebidas.
Varredura – A investigação já colocou sob suspeita 84 CNHs emitidas no ano passado em Naviraí. De acordo com a assessoria de imprensa do Detran, o levantamento leva em consideração os processos em que os suspeitos atuaram.
A varredura é feita por meio do Renach (Registro Nacional de Carteira de Habilitação), banco de dados que registra toda a vida do condutor de veículo, desde candidato até a sua habilitação.
Por enquanto, nenhum condutor perdeu a habilitação por participação na fraude. Caso a suspeita seja confirmada, o pedido de cassação deve ser deferido pela justiça.
Os 84 documentos suspeitos estão sob restrição. Desta forma, o condutor não pode fazer renovação nem alterações na CNH.
Arma - Durante o cumprimento dos mandados de prisão, a polícia encontrou um revólver calibre 32 e 28 munições na casa de Jairo de Mattos Guedes, 46 anos.
Ele foi autuado em flagrante por posse irregular e assumiu ser o dono da arma. Jairo é funcionário do Detran e já havia sido denunciado em 2008 pelo mesmo crime.
Ele obteve liberdade provisória pelo crime de porte de arma ontem. Jairo foi condenado a pagar dois salários mínimos e proibido de se ausentar da comarca de Campo Grande.