Entre esperança e frustração, Denilson bate ponto há 2 meses na fila por emprego
“Tem dia que fico aqui até o meio dia e não tem nada para o meu perfil. É um sentimento de frustração”
Há dois meses Denilson Figueiredo, 43 anos, se vê preso a dias que começam com esperança e terminam em frustração na busca por uma vaga de emprego em meio à pandemia do novo coronavírus. Desempregado há três meses, há 60 dias ele marca presença na fila em frente à Funtrab (Fundação do Trabalho), na Rua 13 de Maio, Centro de Campo Grande.
Nesta terça-feira, ele conta que as esperança de voltar a trabalhar com carteira assinada já está minguando. “Tenho pouca esperança de arrumar emprego. A cada dia as coisas estão mais difíceis. Com as crianças em casa dia todo, fica ainda mais complicado. Às vezes tenho que recorrer à ajuda dos vizinhos e da igreja para ganhar cesta básica, que só dura duas semanas. Às vezes tem mistura, às vezes não tem”, conta Denilson.
Ele trabalhava como caseiro em fazenda, no município de Jaraguari. Hoje, busca vaga na área de serviços gerais, como servente de obra, limpeza, jardinagem. Sem emprego, faz trabalhos esporádicos, os bicos, como carpir terreno.
“Tem dois meses que venho aqui todos os dias. Me encaminham para vaga, mas quando chego lá as vagas já estão preenchidas. Tem dia que fico aqui até o meio dia e não tem nada para o meu perfil. É um sentimento de frustração”, afirma Denilson.
Na luta pelo emprego, ele enfrenta dificuldades como falta de dinheiro para o passe de ônibus e não ter créditos para ligar para o recrutador e agendar a entrevista. Denilson já contabiliza dez encaminhamentos para entrevista de emprego.
No lar, onde mora com os filhos de 12 e 10 anos, o pai de família vivencia as agruras do desemprego, que atinge também a sua esposa. No rol das necessidades básicas, aluguel, água e luz consomem mais de R$ 1.200.
Enquanto o auxílio emergencial ajuda a custear alimentação e roupas para a família. Ele mora no Jardim São Conrado, de onde parte há dois meses munido da carteira de trabalho e retorna sem emprego.
“Só quero um emprego” – Vinda do Pará, a maquiadora Marcela Fernanda Machado de Araújo, 32 anos, está em Campo Grande há um mês. Com o impacto da pandemia no segmento da beleza, busca por vaga em outras áreas que tem experiência: vendas e setor administrativo.
“Não sei muito como é o mercado de trabalho aqui, Mas vejo muitas lojas e tenho experiência no setor de vendas, Tenho esperança que vou conseguir uma vaga. Se Deus quiser estarei trabalhando. Eu só quero um emprego, não importa a área”, afirma Marcela.
Desempregada há oito meses, Sara Ellen Menezes Azevedo, 52 anos, também evoca Deus para não ver fraquejar a esperança. “Nesses oito meses, não consegui nenhuma entrevista de emprego. Peço para Deus preparar uma vaga. Porque se não tivermos esperança, não saímos nem de casa. Quero sair daqui hoje com uma luz, uma resposta. Se Deus quiser uma porta tem que se abrir”, afirma Sara.
Ela mora no Tiradentes e busca retornar ao mercado de trabalho formal para ajudar nas despesas de casa, que divide com o esposo e a filha. Sara calcula que o custo mensal com aluguel, água, luz, alimentação e internet chegue a R$ 2.500. Nesta terça-feira, Sara foi pela segunda vez à Funtrab e busca vaga de emprego no setor administrativo.
“A gente vai vivendo” – O segurança Antônio Marques, 52 anos, está sem emprego desde janeiro e vai sustentando o orçamento doméstico com trabalhos esporádicos. Hoje, era a terceira vez que foi à fundação em busca de uma oportunidade.
“Também já deixei muitos currículos, mas em sete meses não fui chamado para nenhuma entrevista. A gente vai vivendo como Deus permite”, diz Antônio.
Ele conta que a esposa faz diárias de empregada doméstica para ajudar a manter as despesas básicas. A casa é própria, mas o gasto mensal é de R$ 1.500 por mês com água, luz, alimentação.
“Apesar não idade não ajudar, conto com a minha experiência. Tenho muita esperança de conseguir uma vaga”, afirma Antônio.