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Cidades

Fazendeiros afirmam que Governo Federal não tem interesse de resolver questão indígena

Wendell Reis e Paulo Fernandes | 24/11/2011 21:11
Para presidente da Acrissul, Francisco Maia, Governo Federal não tem interesse no fim do conflito agrário indígena (Foto: Pedro Peralta)
Para presidente da Acrissul, Francisco Maia, Governo Federal não tem interesse no fim do conflito agrário indígena (Foto: Pedro Peralta)

Na opinião de produtores rurais, o Governo Federal não tem interesse em resolver o problema fundiário indígena e não trata o assunto com a seriedade necessária resultando em um aumento na tensão entre fazendeiros e índios.

O presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Francisco Maia, afirmou nesta quinta-feira que o problema “só vai ser resolvido quando entrar na pauta do Governo como uma matéria de interesse”.

“Aqui no Estado, a Acrissul fez levantamento e entregou ao Governo Federal dizendo que havia interesse de produtores de negociar suas terras e nada foi feito”, disse.

Sobre o atento na sexta-feira na terra Guaviry, na região Sul do Estado, em que o cacique Nísio Gomes pode ter sido executado por pistoleiros, Francisco Maia diz achar difícil que algum produtor rural esteja envolvido.

“Você acha que algum produtor que tenha juízo vai querer ter problema com índio na fronteira ou será que é só mais um problema do cotidiano deles, como principalmente a droga? É triste ver como o crack toma conta das aldeias”, opinou.

Para ele, toda a classe política tem interesse em resolver o problema. “Ainda assim é preciso demarcar com critérios legítimos e não apenas por rastro”, afirmou na Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), em entrevista concedida após o lançamento da Frente Parlamentar Estadual de Defesa do Agronegócio e do Cooperativismo.

O agricultor Thijmm Beukhof acredita que mais sangue poderá ser derramado se não houver uma solução urgente. “Muita gente deve morrer se não encontrarem solução porque tem gente que investe e trabalha a vida inteiro e vai perder as suas terras. Não é justo”, disse.

Ele afirmou ainda que Mato Grosso do Sul tem perdido investidores por conta dos conflitos. “Hoje quem tem plano para investir acaba não fazendo, porque tem insegurança”.

Presidente sindicato rural de Corumbá, Raphael Kassar defende o direito à propriedade privada. “Se você adquiriu a propriedade há anos, você tem direito a posse dessa terra. É incoerente tudo pertencer ao índio. É incoerente como o assunto está sendo tratado”, disse. “A questão tem que ter um ponto final porque o setor produtivo gera riqueza e o indígena é extrativista”.

Kassar disse ainda que o setor produtivo é indispensável para a sobrevivência humana e tem que haver um respeito mútuo entre índios e produtores.

Para o deputado federal Reinaldo Azambuja (PSDB), “há uma falta de responsabilidade do Governo Federal em tratar a questão com devido cuidado e zelo”.

Ele contou que teve uma reunião nesta semana com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que prometeu mudanças no decreto que trata de demarcação de terras indígenas para resolver o impasse. “É uma questão urgente por conta da insegurança jurídica que atrapalha desenvolvimento principalmente no Cone Sul”, afirmou.

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