Fim da Psiquiatria no HR é por preconceito, diz médico
Integrante do corpo médico que ajudou a criar a ala de Psiquiatria do Hospital Regional, em Campo Grande, em 2004, o psiquiatra Juberty Antonio de Souza afirma que a extinção dos atendimentos é motivada por preconceito contra os dependentes químicos.
O médico, que é secretário regional da Associação Brasileira de Psiquiatria, garante que existem condições técnicas no hospital para que esse atendimento seja realizado e que a vontade de interromper ocorre porque a direção e muitos médicos discriminam o dependente químico. "Acham que são todos bandidos", alega.
Souza ressalta que o acesso à saúde está previsto na Constituição Federal e que a dependência química é uma doença, portanto precisa ser tratada.
"A ala do Regional é a única um idade de tratamento de dependência química pública do Estado", lembra. Com seu fechamento, ele afirma que as famílias de menor poder aquisitivo não terão a quem recorrer nesses casos.
O resultado, na visão do médico, é que os dependentes irão continuar usando drogas até morrerem, se envolvendo em delitos para custear o vício ou sendo presos.
Sobre a possibilidade de que a ala seja transferida para o Hospital Universitário, o médico revela que há 20 anos há tentativas sem sucesso de que seja instalada uma unidade no hospital.
Para ele, o ideal não é a transferência, mas a criação de leitos psiquiátricos nos hospitais gerais, como ocorre há mais de 40 anos em vários países. "Não é nenhuma novidade", afirma.
Estopim - Incêndio colocado por um paciente da psiquiatria em um dos apartamentos do Regional foi o estopim para a direção anunciar o fechamento da unidade.
O anúncio fez com que o chefe da unidade se pronunciasse em nome dos demais psiquiatras alertando que a medida é um retrocesso.
Após dias sem se manifestar, a direção do hospital emitiu nota hoje informando que o assunto será amplamente discutido.
No dia do incêndio, mais de dez pacientes que estavam internados receberam alta, por falta de vaga em outras unidades. A ala psiquiátrica permanece interditada e não há previsão para que seja reativada.