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Cidades

Grupo de evangélicos grava vídeos ofendendo procuradora e juiz de MS

Integrantes divulgaram comentários sobre condenação de blogueiro em grupo de discussão público no Youtube; um deles xinga servidora do MP de vagabunda

Anahi Zurutuza e Mirian Machado | 23/06/2017 07:11
Canal do Youtube onde vídeos foram publicados;
na tela principal o pastor Tupirani (Foto: Reprodução)
Canal do Youtube onde vídeos foram publicados; na tela principal o pastor Tupirani (Foto: Reprodução)

Um grupo de pessoas estimuladas por Tupirani da Hora Lores, que se identifica como pastor evangélico e fanático religioso, gravaram vídeos contendo ofensas e xingamentos contra a procuradora Jaceguara Dantas da Silva Passos, do MPMS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul), e ao juiz David de Oliveira Gomes Filho, que atua em Campo Grande. O conteúdo foi publicado em um canal do Youtube chamado de Geração de Mártires na discussão “Homossexualismo Não”.

No primeiro vídeo, o pastor comenta a decisão judicial contra o blogueiro Roberto Flávio Cavalcanti. O jornalista e advogado do Rio de Janeiro foi condenado por David de Oliveira a pagar R$ 15 mil ao Fundo Estadual de Assistência Social de Mato Grosso do Sul por danos morais coletivos.

Em 2007, o blogueiro postou comentários homofóbicos sobre uma audiência realizada pela Câmara Municipal de Campo Grande naquele ano para discutir a utilidade pública da ATMS (Associação das Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul).

Primeiro vídeo – A decisão do magistrado da Capital é do dia 20 de fevereiro deste ano, mas Tupirani, que se identifica como líder da Igreja Evangélica Geração em Jesus Cristo, puxou a discussão sobre a condenação no canal da internet no dia 3 deste mês.

O pastor alega que está denunciando a “pilantragem no sistema judiciário de Mato Grosso do Sul”. “É o cúmulo do absurdo”, diz sobre a decisão do juiz David.

Em outro trecho do vídeo Tupirani admite ser um “fanático”. “Sou pastor, sou louco, sou fanático, sou religioso! Podem abrir o processo que quiser contra mim que eu rasgo, eu cuspo na cara de vocês”.

No fim do vídeo, o pastor defende ter o direito a opinar desta forma. “Mandem me matar, talvez consigam me deter. É livre a manifestação do pensamento, é direito! Eu posso discordar de qualquer ser humano, da ideologia de vida de qualquer ser humano. Não posso ir lá agredi-lo, não posso mata-lo, não posso ir lá obstruí-lo, não pode ir lá tirar a sua liberdade”.

Tupirani já foi condenado pela Justiça do Rio de Janeiro por intolerância religiosa, injúria qualificada e incitação ao crime.

Seguidor – Um dos 35 seguidores que publicaram vídeos no canal se identifica como Altair Genésio. É ele quem fala diretamente da procuradora, que quando promotora dos Direitos Humanos foi quem propôs a ação contra o blogueiro do Rio de Janeiro após denúncia da associação das travestis.

“Homem colocar vagina e mulher colocar pênis, isso é o cumulo do absurdo. Então, uma promotora, uma vagabunda, porque essa mulher é uma vagabunda, uma promotora chamada Jaceguara Dantas da Silva Passos acatou a acusação dos (sic) travestis que se sentiram ofendidos. É um absurdo!”

O vídeo viralizou ao ser compartilhado no Facebook por quem quer que Altair seja punido. Veja um trecho da gravação de 8 minutos feita por ele:

Altair diz que homossexuais são a escória da sociedade, aberrações e que nem podem ser considerados humanos.

“Como é que uma raça destas se sente ofendida. Vocês quando saem na rua, vocês enojam a sociedade. Vocês ficam se lambendo pela rua, a coisa mais nojenta, vocês são uma aberração, vocês são a desgraça da espécie humana, se é que podemos chamar vocês de ser humano”, diz.

Em outro ponto do vídeo, ele fala o nome completo do juiz David e o chama de “viado”. Veja:

Homofobia – A palavra homofobia significa aversão a homossexuais e define a conduta. Não é, portanto, crime previsto no Código Penal.

Existem projetos tramitando no Congresso Nacional para que estes comportamentos sejam criminalizados. Hoje, uma pessoa pode ser condenada por injúria, por exemplo, ao fazer declarações homofóbicas ou por agressão, homicídio e outros crimes já previstos na legislação.

Posicionamentos – O Campo Grande News conseguiu contato com Altair pelo Facebook. Ele disse apenas que integra um grupo de “40 famílias que não aceitam a ditadura gay no Brasil”. “Lutaremos até a morte”, concluiu a mensagem e enviou o link do canal no Youtube.

A reportagem tentou, sem sucesso, contato com a promotora e também tentou um posicionamento do MPMS sobre o assunto, mas até o fechamento da matéria o órgão não havia se manifestado.

O juiz David de Oliveira disse que preferia nem comentar o assunto.

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